Não sei bem quais os dotes musicais do líder do Facebook, mas é bom que deixe de acreditar em lendas. Até porque o seu poder de encantamento está a acabar. E notoriamente a condescendência que se costuma a dar aos mais jovens com “ideias giras” já era. Depois do escândalo Cambridge Analytica e da fuga de dados de 87 milhões de pessoas (63 mil em Portugal, informou a Facebook numa conferência telefónica com jornalistas), a era da ingenuidade chega ao fim nas redes sociais. De súbito, até os mais desatentos perceberam que entre posts e likes o poder é o único móbil. O poder de decidir o que compramos, o poder de decidir o conhecemos, o poder de dizer e denunciar, e o poder de decidir em quem votamos. Com um “pormenor”: 2,1 mil milhões de pessoas usam a rede social. Pouco menos de um terço da humanidade.
Se fosse um flautista lendário, Zuckerberg já teria passado há muito o estado de graça da desinfestação, e provavelmente estaria em vias de ser linchado pela vingança que cometeu. Não seria um desfecho fiel ao enredo do Flautista de Hamelin, mas a atualidade também já não se compadece com a tentativa de encontrar um “moral” na história. E há ainda uma outra diferença: com o ato de contrição assumido depois de conhecido o uso indevido que a Cambridge Analytica deu aos dados de tanta gente, percebeu-se que, ao contrário do mítico músico de Hamelin, Zuckerberg não domina o instrumento que criou.
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