Por uma vez, estou capaz de concordar com aqueles que berram que veem um lamaçal na nossa vida pública. Até acho que lamaçal, pântano ou lodaçal são termos insuficientes para exprimir a situação. Pela enésima vez, assistimos à promoção de julgamentos populares pelo Ministério Público (MP), ou pelo menos com o seu beneplácito, e ao encolher de ombros de todo o edifício da Justiça e do poder político.
Tudo nos é tão familiar que não necessita de grandes explicações. Há uma investigação que dura há anos, são feitas centenas de horas de escutas (muitíssimas sem qualquer enquadramento criminal) e passados a pente fino computadores pessoais, é vigiado meio mundo e depois monta-se um megaprocesso, daqueles que visam mostrar que há uma gigantesca conspiração para controlar o regime. O desenlace disto também é conhecido: ou nem chega a haver acusação ou os processos prescrevem, ou são tão mal dirigidos que os tribunais absolvem os arguidos.