Estão feitos os grupos para o Euro 2020. A Portugal calhou a sorte de jogar com os últimos dois campeões do Mundo (2014 e 2018), França e com a Alemanha, faltando ainda apurar o coitado que se juntará a este grupo verdadeiramente “F… “.
Sorte grande para quem segue o desporto-rei, e se interessa por estas coisas de rivalidades saudáveis e desportivas. E grandes jogos em perspetiva. Dentro e fora dos relvados. E em Budapest, pois Portugal irá iniciar a defesa do seu título a 16 de junho em plena capital magiar (contra a tal equipa que virá do playoff). Depois irá a Munique jogar com a Alemanha (20 de Junho), regressado a Budapest a 24 de junho para novo clássico com a França. Falta ainda apurar o tal coitado que se juntará a esta festarola, saindo este do playoff que junta a Hungria com a Bulgária, que jogará com o vencedor do Roménia x Islândia. Se o apurado for a Roménia, esta ficará em casa (Bucareste), vindo o vencedor do playoff entre a Macedónia, a Bielorrússia, a Geórgia ou o Kosovo para o nosso grupo.
Existe então a possibilidade (longínqua, admito) de abrirmos o Euro no recém renovado Estádio Puskas com a Hungria. Seria a loucura total, pois por aqui todos se lembram dos míticos 3-3 de 2016. E sempre que falamos de bola, lá tentam os tipos defender a ideia de que “quase nos punham fora do Euro 2016”, e que ganharam o grupo e tal (ao que respondo que em 2016 a nossa seleção passou a fase de grupos a trabalhar para o bronze e pouco mais, acordando ligeiramente a partir as meias finais). Picardias à parte, estou certo de que se os magiares não se apurarem, estes irão adoptar a seleção das quinas como sua, não só porque gostam bastante de nós e nos visitam com frequência e intensidade, mas porque existe de facto uma muitíssima boa onda entre Portugal e a Hungria. E estou certo que os húngaros quererão nos devolver a simpatia com que os recebemos em Lisboa, Porto, e praias do nosso país. Para mais, não os estou bem a ver a apoiarem com entusiasmo franceses ou alemães…
Em todo o caso, esta será uma excelente oportunidade para consolidar as boas relações entre os dois países, e entre as suas principais cidades (Lisboa, Porto e Budapest). E apresentar na capital húngara o bom e o melhor que na terra produzimos, e preparar por aqui uma receção condizente aos milhares de conterrâneos que esperemos que visitem. Mais, sendo os jogos em junho, mês de Santos, podermos finalmente dar corpo a uma velha ambição da comunidade portuguesa na cidade e celebrar o (santo) António, o Pedro e o João devidamente, com marchas, manjericos e martelinhos para animar a malta. E uma sardinhada decente que introduza o conceito das minis a refrescar ao lado de uma boa grelha, e que estenda a cor e música das nossas ruas às praças e kerts daqui. Sol e calor em junho há à farta, pimentos também (praia é que é mais escasso). Falta para rematar os jarros e jarros de sangria, um verde à pressão ou de pipa, um belo Licor Beirão, amarguinha ou ginja, e claro está uma boa aguardente ou Medronho para dar luta às palinkas locais. Os vinhos já são um pouco batidos, e neste grupo temos a concorrência dos franceses e dos locais.
Aconteça o que acontecer, este será certamente o verão mais português a que a cidade de Budapeste já assistiu. Um Verão F, no bom sentido, e espero que com F grande, como se apraz dizer, e que se consiga criar em Budapest um centro de apoio e energia para a selecção, por um lado, enquanto mostramos aos locais e visitantes, o melhor da nossa portugalidade.