Acompanhar a experiência das amigas que estão grávidas ou com bebé nos braços leva-me a relembrar o puerpério. Ao abrir a mala da roupa de recém-nascido que guardei, para emprestar algumas peças, senti o cheiro daquelas semanas intensas, com flashes de imagens confusas, de emoção e ternura, mas também de angústia. A incerteza do aproximar da noite e das suas longas horas de vigília e o choro inconsolável de bebé.
Tentar explicar a intensidade esses primeiros meses a quem nunca foi mãe é impossível, primeiro porque também para o puerpério se aplica o velho cliché da guerra e dos reality shows, só quem lá esteve é que sabe, e depois porque, mesmo que nos esforcemos muito para adjetivar e relatar detalhadamente a nossa experiência, quem está em estado de graça pela primeira vez está normalmente de esperanças também no quesito otimismo e, portanto, tende a achar que consigo será certamente muito diferente. A verdade é que é sempre, porque cada mãe e cada bebé são um universo de especificidades. E, se às vezes até se dá a sorte de ser tudo leve, arrisco dizer que na maioria das vezes é uma experiência-limite.