Já imaginou quantas relações terminam no mundo inteiro por segundo?
Quantas pessoas neste mesmo instante sofrem porque elas terminaram?
E quantas delas acordam, vivem e dormem com medo de que a sua relação “vá por água abaixo”?
Não sei dizer-lhe quantos milhares de milhões são. Acredito que serão muitos, mas o sofrimento e dor que todas essas pessoas sentem, ou a maioria sente, é imensurável e as suas lágrimas, todas juntas, formariam oceanos.
Todo este sofrimento seria evitável?
Creio que parte dele sim, se não tivéssemos lido tantas histórias de príncipes e princesas, visto tantos filmes e telenovelas, ouvido músicas cujas letras referem “não sei viver sem ti”, tivéssemos crenças mais realistas quanto ao que é uma relação de Amor, vivêssemos numa sociedade mais atenta à promoção da saúde mental e de relações baseadas em afetos, não em dependências ou em interesses, sejam eles quais forem, e em que um dos objetivos da existência humana fosse o autoconhecimento profundo, pois muitas dessas pessoas repetem o mesmo padrão de relação vez após vez, sem ter consciência dessa mesma realidade. Escolhem pessoas muito semelhantes, pensando que são completamente diferentes, e perpetuam comportamentos exatamente iguais em todas as relações. Isto é, não questionam as suas escolhas e muito menos olham para dentro de si e se perguntam, o que é que eu ainda não percebi e aprendi?
Cada uma das pessoas que “passa” pela sua vida, não “passa” por acaso. Tem uma mensagem bem clara para si.
“Olhe” para todas as suas relações que terminaram. Tente perceber as semelhanças. Não apenas entre as pessoas com quem se relacionou, mas especialmente como se relacionava com elas e elas consigo. Pode acontecer chegar à conclusão de que algumas fizeram comentários idênticos acerca dos seus comportamentos, gestos, atitudes, formas de estar e de se relacionar. E o que é que pensou? Mais uma a dizer o mesmo? E o que fez? Vitimizou-se? Pois o caminho não é por aí. Vai muito além da queixa e vitimização. Elas não são nem serão suas aliadas, mas são suas inimigas, pois não o deixam ver e avançar.
Ter pena de si não resolve nada. O que resolve é olhar para onde nunca olhou.
Pode até acontecer que essas palavras o tenham magoado e ferido e tenha passado à frente e feito de conta, para evitar discussões e conflitos, perdoou, mas não esqueceu. E pode ter acontecido isso se repetir no tempo. E continuar a repetir-se.
A relação pode ter começado há um, dois, três, seis meses, um ano, vários anos, e o “dejá-vu” suceder vez após vez.
E qual é a pergunta que se deve fazer?
É uma pergunta muito simples, e é a resposta a esta mesma pergunta que lhe permitirá adquirir consciência da aprendizagem que a vida lhe está a mostrar.
A pergunta é:
Como é que eu me estou a ver, a amar, a confiar em mim, a cuidar e a respeitar nesta relação?
Será que estou a esquecer-me de tudo isso, para ter uma “relação”, não estar sozinho e ter alguém a quem possa exigir fazer-me feliz?
Sabe de quem está à procura quando procura desesperadamente de alguém que o faça feliz?
Está à procura de si próprio.
É o seu “eu” a dizer-lhe: “Olha para mim, estou aqui e tu tens tudo aqui dentro para te sentires feliz!” Os outros apenas poderão fazer com que se sinta ainda mais feliz.
Muitas das pessoas que passaram pela sua vida, ou essa pessoa que está agora na sua vida, poderá ser apenas um “mestre” no sentido de lhe ensinar (às vezes até mesmo pressionar) a pôr limites, a amar-se mais, a escolher estar bem, a gostar de estar consigo, a não depender de ninguém e muito menos a colocar o seu sorriso nas mãos de um outro alguém.
Tente reunir alguns dos comportamentos e afirmações do seu companheiro que o magoam e ferem e perceber que lição está aí contida para si. Em seguida, pense em que é que essas palavras ou comportamentos lhe podem ser úteis para se conhecer, para o seu desenvolvimento enquanto ser humano ou mesmo em que medida podem contribuir para o crescimento da sua capacidade de afirmação e manifestação de amor próprio. Para afirmar o que aceita e definitivamente não aceita nem quer na sua vida.
Se não conseguir encontrar qualquer mais-valia (e podem existir situações em que suceda), é importante recordar-se de que não são os acontecimentos que tem poder para o afetar, mas é você quem decide permitir ou não que o afetem. Recorde, somos nós que ensinamos aos outros como queremos ser tratados e respeitados.
Muitas pessoas perguntam: Mas porque é que isto me acontece? Porque não consigo encontrar o “tal”? Porque me magoam sempre e acaba sempre mal?
Segundo a minha experiência acompanhando casais há mais de duas décadas, acontece porque precisamos saber amar-nos bem, não ficar à espera de que os outros nos amem para nos amarmos, descobrir que somos completos e não metades, aprender a respeitar-nos e a dar-nos valor, a consciencializar-nos que os outros não são “salva-vidas” e muito menos responsáveis por aquilo que ainda não resolvemos dentro de nós porque ainda não conseguimos perdoar e/ou auto-perdoar-nos.
Todos os “viajantes desamorosos” que passam pela sua vida tem uma missão nela, e você tem uma na deles. Por vezes são curtas e logo partem, outras são mais longas, ficam, mas chega o dia em que se vão.
E quando é que tudo isto muda? Pergunta, verdade?
Quando perceber que quem tem de mudar não é o outro, é você, (muito menos se o outro não quer), são as suas crenças, os seus pensamentos sobre si, sobre as suas relações, sobre o que merece, talvez sobre as suas experiências passadas, e sobretudo sobre como quer viver a sua vida e o Amor.
No momento em que esse Novo Olhar despertar não vai atrair mais “viajantes desamorosos” para a sua vida, porque não vai mais projetar a sua necessidade de encontrar “a metade da laranja”, porque é uma “laranja inteira”, e só vai atrair e sentir-se atraído por outras “laranjas inteiras”.
Pode acontecer sentir necessidade de ajudar algumas “meias laranjas” a serem “laranjas completas”, por compaixão, mas cuidado porque pode ser “terreno escorregadio”.
Lembre-se: A pessoa não adequada, deseja sair da sua vida o quanto antes. E isso sente-se! Não o negue! Solte e deixe ir. Retanha a aprendizagem.
Se para ter uma relação sente que tem de lutar a cada instante e essa luta faz com que se sinta cansado e esgotado, talvez seja porque estará melhor sem ela.
Quanto a todos os seus “desamores”, aprenda a lição, perdoe, perdoe-se, sinta compaixão, auto-compaixão e viva o Agora.
Sim, depois de todos os desafios ultrapassados existe sempre um algo muito melhor à sua espera: Um Amor feito de Amor de verdade, a si próprio e àquele que passou por tantos ou mais desafios que você, que os superou como você, que derrubou todos os “muros” que existiam à volta do seu coração, tal como você o fez, e o espera, não o esperando, deixando Deus, no tempo Dele, não no seu, fazer acontecer.
Deus gosta de o surpreender, sabia? Permita que o surpreenda!
“Toda a boa dádiva e todo o dom perfeito vem do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não há mudança nem sombra de variação.” (Bíblia,Tiago,1:17)
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