A ideia é que as pessoas não sejam excluídas de um ginásio, de uma formação, de um serviço de bem-estar por estarem numa fase financeira crítica ou por terem dificuldade em encontrar serviços onde se sintam à vontade longe de olhares julgadores, seja por serem de idade avançada, terem excesso de peso, uma deficiência física, ou qualquer outra condição comum que está sujeita a preconceito.
O mercado da inclusividade no desporto e bem-estar é uma das tendências do futuro próximo, sendo que já existem negócios a por em prática o acesso democrático aos seus serviços. A primeira vez que tomei de conhecimento do conceito de inclusividade ligado a este mercado foi através do negócio da americana Jessamyn Stanley, uma professora de yoga com excesso de peso e uma figura que não ligamos de imediato à ideia de elasticidade e resistência que o yoga exige. Contudo, Stanley tem uma agilidade e mobilidade físicas que nos deixam inspirados e espantados. Criou a sua linha ‘fora da norma’, a Every Body Yoga, abrindo um precedente no mercado. Graças a isso foi entrevistada para diversos media americanos e internacionais, publicou um livro, e dá aulas em festivais, retiros e grandes eventos. O acesso e a aceitação (individual e coletiva) que a sua marca evoca constrói-se da experiência pessoal e aspeto físico da empreendedora. Ela representa a oportunidade de negócio desta nova tendência.
Quem tem timidez ou sente alguma intimidação de fazer exercício físico em grupo num ginásio por ser ‘diferente’ ou fazer parte de uma minoria, começa a encontrar oportunidades no mercado para poder participar e fazer parte de grupos heterogéneos sem ter que considerar primeiro, antes de participar ou increver-se, o preconceito dos outros.
Certa vez reparei, numa das aulas que pratico no ginásio, que uma das alunas era transsexual e fazia questão de entrar depois de todos entrarem para ficar no fundo da sala junto à porta de saída. Creio que procurava ser discreta para evitar olhares indesejados e eventualmente incomodativos. Nunca a vi nos vestiários e imagino que simplesmente não os use para mais uma vez evitar olhares. Era a primeira vez, em anos, que via uma transsexual nos ginásios (embora admita que possa ser uma coincidência) e isto levantou-me algumas questões. Será que estas pessoas evitam ginásios comuns? Haverá ginásios LGBT para estarem à vontade ou simplesmente preferem fazer desporto na rua?
Lembro-me da primeira vez que vi muçulmanas no ginásio e entendi este acontecimento de duas formas positivas: seria uma tomada de posição por parte destas mulheres que não evitaram o ginásio pelo facto de usarem lenço na cabeça, e este statement poderia estar a acontecer num momento de abertura social e inclusividade. Apesar da minha especulação,
pareceu-me estarmos a viver num momento de abertura que levava a pessoas discriminadas a quererem fazer parte do todo independentemente dos preconceitos.
O pugilista campeão Floyd Mayweather tem uma cadeia de ginásios cujo valor das inscrições e mensalidades varia consoante a zona ou bairro onde o ginásio está instalado, tem planos de treino em realidade virtual para ficarmos em forma no conforto de nossa casa, e está prestes a lançar uma app onde é o nosso PT para fazermos exercício onde e quando quisermos com garantia de resultados e sem mensalidades.
A construção deste mercado passa pela abertura de serviços a qualquer pessoa independentemente do seu credo, aspeto, tamanho, sexualidade, idade, e por possibilitar o acesso seja qual for a disponibilidade financeira. Democratizar e libertar o acesso está no ADN do futuro.