
O mundo dos transportes está num ponto de viragem, nos próximos cinco anos viveremos uma nova e diferente realidade na área da mobilidade. Foi isto que tentei explicar ao meu filho (15 anos), quando há dias tentou convencer-me da necessidade de tirar a carta e, obviamente, ter um carro (no caso um “microcar”).
Para quê carta de condução se já há, e haverá ainda mais, carros autoguiados? E porquê um carro a combustível se já há elétricos? E carro para quê, se hoje já temos carros on-demand (como é o caso do serviço da UBER)?
Todas estas alterações estão em curso e em simultâneo. Daqui a cinco anos, tudo será diferente e viveremos enormes transformações sociais e económicas.
Vamos por partes:
1. Os carros autoguiados
Certamente já viu antes esta imagem ou vídeos do carro autoguiado da Google, uma espécie de ovo com rodas. Nada sexy e por isso quando vemos estas imagens não imaginamos que o nosso carro será “aquilo”, nem no presente, nem no futuro. Na verdade é apenas um protótipo que serve para testar a capacidade de implementar esta funcionalidade em qualquer viatura.
O carro autoguiado é conduzido por software que informa o carro (hardware) sobre quais as manobras a efetuar para chegar ao seu destino.
Tal como um smartphone ou computador, este software é atualizado através da Internet (os carros estão sempre ligados à Internet, como qualquer smartphone) e, ao longo do tempo, o carro terá novas funcionalidades e novos serviços (como acontece quando atualizamos o sistema operativo de um smartphone ou quando instalamos aplicações).
Aparentemente, a abordagem da Google é fazer nos automóveis o que faz nos smartphones Android, ou seja, fornecer o sistema operativo para automóveis a vários fabricantes.
2. Carros elétricos
Já estão disponíveis no mercado vários automóveis com motor elétrico, das marcas automóveis que já estavam no mercado. A baixa autonomia ainda é um problema, mas estão a surgir novas marcas, como é o caso da TESLA, que já tem autonomia de 500 Kms e o sistema autopilot ativa o modo autoguiado. Sim, o preço é outro problema… mas, nos próximos anos assistiremos a decidas de preço e a incentivos fiscais.
3. On-demand
A UBER é um excelente exemplo da concretização da tendência “tudo on-demand” (a pedido, personalizado), onde de uma forma simples solicitamos um carro com motorista. E brevemente será sem motorista, pois a recente aquisição da UBER foi a OTTO , uma empresa que desenvolve software para camiões autoguiados, ou seja, a UBER prepara-se não apenas para desenvolver carros como também camiões autoguiados.
E não, esta transformação não vai ficar só por estas três alterações… o co-fundador e CEO da Google, Larry Page, está a investir pessoalmente no desenvolvimento de carros voadores.
Bem-vindo ao futuro dos transportes.
PS: Sobre a decisão de carta de condução e carro para o meu filho, uma das falácias da economia e dos modelos económicos é que os agentes são racionais. E eu não sou exceção, por isso, Rodrigo, se leres este artigo acho que podes manter a esperança… :-)