É minha profunda convicção que o rugby nacional está muito melhor do que aquilo que tem sido defendido por muitas pessoas ligadas à modalidade. O número de atletas inscritos, o número de clubes, o sucesso do rugby de formação, os bons resultados das nossas seleções mais novas, a qualidade dos convívios/torneios de rugby de formação e a organização de campeonatos europeus, são alguns dos exemplos da boa evolução do nosso rugby.
O Youth Festival é um torneio de elevadíssima qualidade. Em qualquer parte do mundo. Este ano, apesar da chuva, voltou a concentrar milhares de pessoas… O Braga Youth Festival é outro bom exemplo. E não menos importante (ou talvez mais) é assistirmos às capacidades dos clubes conseguirem, também eles, organizar eventos de enorme qualidade, quer desportiva quer de logística.
O GD Direito, no passado dia 23 de abril, organizou um evento que encheu a alma ao clube. Assente no voluntariado dos pais e mães ligados ao clube, Monsanto viveu um dia histórico, no qual participaram milhares de pessoas que, dentro de um espírito absolutamente espetacular, contribuíram para uma Festa memorável.
O Benfica, apenas dois dias a seguir, levou também a cabo um evento de enorme sucesso. Encheu o sintéctico do Estádio da Luz e, durante um dia inteiro, viveu-se rugby num clube tradicionalmente ligado ao futebol. Dois convívios cheios, num espaço de dois dias, prova a vitalidade da modalidade em Portugal.
Em comunhão entre estes dois convívios registe-se a homenagem a duas pessoas que deixarão saudades entre nós e que, de comum, têm o seu enorme papel no desenvolvimento do rugby de formação em Portugal. O Torneio Carlos Nobre celebra a dedicação de um homem querido no Rugby nacional e que será sempre um enorme exemplo de altruísmo, desportivismo e de uma entrega total ao rugby. O GDD homenageou Rui Pinto Fernandes, homem que, não tendo a repercussão que Carlos Nobre teve a nível nacional, foi decisivo para o crescimento do rugby no GD Direito… São estes exemplos de carolice e altruísmo que não podemos deixar desaparecer!
Entretanto, ao mesmo tempo que estes eventos ocorriam, o campeonato nacional jogava os seus quartos de finais… Em estádios razoavelmente cheios, assistiu-se a dois encontros bastante renhidos. O Tecnico precisou de prolongamento para afastar a Agronomia. Cascais bateu o Belenenses mas teve que trabalhar muito para o fazer.
Foram duas festas do rugby nacional e com dois registos que devem ser tidos em contas por quem lidera os destinos da modalidade. O primeiro registo é, como já referido, o equilíbrio das partidas, onde estiveram 4 equipas que, até ao final, acreditavam ser possível dar mais um passo pela conquista do título nacional.
Ou seja, a 3 jornadas do fim do campeonato, por momentos, estavam 6 Equipas a acreditar que era possível serem campeãs (as 4 que estiveram em campo e ainda o CDUL e GD Direito – que jogam agora as meias-finais). E com as equipas, acreditavam também os seus adeptos… Com os adeptos acreditavam também os sponsors… E por aí fora…E este acreditar leva a que os clubes possam organizar dias diferentes para receber estes jogos especiais. Convidar os seus sponsors, políticos, etc…
São, sem qualquer dúvida, momentos em que podem contribuir para a boa divulgação da modalidade. E no aspeto desportivo, dá a possibilidade de 138 jogadores (23 x 6 equipas) do rugby interno viverem e sentirem o que é jogar uma final… De lidar com essa pressão…. De viver todas essas emoções.
Numa altura em que se fala em mudar o modelo competitivo, considero que essa mudança seria um crasso erro… (mas num artigo posterior debaterei, com mais pormenor, este tema).
Por último, não posso deixar de notar o caminho feito pela nossa novíssima seleção nacional de 7´s. Um caminho em crescendo que, à entrada para as duas derradeiras etapas do circuito Mundial, nos permite sonhar e acreditar com a manutenção. Nada mau para uma época em que as baterias foram todas carregadas para o XV (o único ponto que está a correr mal e sobre o qual se deveria remodelar, rapidamente, a política desportiva).
Mas termino como comecei: “as coisas boas continuam a acontecer no nugby nacional”.
E caso as mentalidades dos agentes envolvidos saibam beber dos melhores exemplos, saibam cuidar dos seus e não descurando o interesse geral, rapidamente voltaremos a viver, também na seleção, dias de sonho no nosso rugby…