Talvez tudo tenha começado quando um dos nossos longínquos antepassados, um dia à beira de um rio, se tenha sentido atraído pelos reflexos dourados de uma pequena pepita amarela de brilho intenso. Como um sol em miniatura, um fragmento do Astro-Rei caído na terra.
Estudos etimológicos confirmam que, em sânscrito – origem de todas as línguas indo-europeias – a palavra “hari” servia para designar o sol e também o ouro. Esta compreensível associação talvez possa explicar o fascínio que este metal exerce sobre o homem desde que foi descoberto. Símbolo de riqueza e de poder, mas também de pureza e de incorruptibilidade, encontra a sua expressão mais radical nos fantásticos sonhos dos alquimistas.
A sua beleza e raridade, a capacidade de resistir a quase todos os agentes corrosivos, aliadas à possibilidade de ser trabalhado com ferramentas bastante rudimentares, tornou-o precioso para todas as civilizações da Antiguidade e há registos do seu uso pelo menos a partir da segunda metade do 3º milénio A.C.
Egípcios, gregos, etruscos, fenícios, assírios, sumérios, entre muitos outros, usaram este nobre metal para criar (magnifícas) jóias, ornamentos, estátuas , e até na decoração de templos e palácios. No Japão, as “geishas” esfregavam folha de ouro sobre a pele…
Hoje vamos falar da sua utilização na cosmética.
Sendo um excelente catalisador em qualquer superfície o ouro actua como estimulante da acidez da pele , trabalha contra a fadiga e ajuda a eliminar substâncias tóxicas da pele.
Como antioxidante mantém a juventude da pele, proporcionando-lhe uma luminosidade suave e misteriosa. Ao dissolver-se na superfície da pele, o ouro reflecte instantaneamente a luz e as suas partículas minúsculas actuam para dissimular rídulas e zonas de descoloração.
Enquanto os estudos para confirmar a eficácia das propriedades antienvelhecimento do ouro continuam, a luminosidade instantânea é difícil de contra argumentar.
O fascínio pode ser mais emocional do que científico, uma coisa é certa, as mulheres adoram sentir ouro na sua pele!
Não há dados sólidos que comprovem os seus efeitos benéficos mas, as mulheres que experimentam criam a sua própria corrida ao precioso metal, facto a que não estão alheias as empresas de cosméticos, esteticistas e profissionais da área. O ouro está a ser utilizado num número crescente de soros e de cremes produzidos por algumas das marcas de cosmética mais conceituadas do mercado. Muitos dos produtos contêm outros ingredientes activos, a partir de péptidos de antioxidantes e e os mais cépticos sugerem que são eles a razão para os bons resultados que alguns insistem em atribuir ao ouro.
Número atómico do ouro é o 79
São reconhecidas as suas propriedades anti-inflamatórias. Na verdade, o ouro coloidal, essencialmente minúsculas partículas do metal suspensas numa fórmula líquida, é por vezes injectado no tratamento de artrites e, há quem defenda que os mesmos agentes anti-inflamatórios podem prevenir a degradação do colagénio e da elastina, responsáveis pela elasticidade e firmeza da pele.
Na maquilhagem, em sombra, pigmento, ou em creme pode usá-lo de diversas formas. Como pré-base, iluminador, colocado sobre uma sombra, como eyeliner, em blush ou em baton,as suas aplicações são inúmeras.
No desenho abaixo, “Really Pretty Make Up”, vamos explicar como usar alguns dos produtos que sugerimos.
Ilustrações de Marija Pavlovic (mamya.tumblr.com)
1. Antes de mais, comece por preparar a pele. Se quiser faça uma exfoliação e aplique uma máscara. A pele fica muito mais receptiva à maquilhagem e com um aspecto limpo e luminoso. Eisenberg Masque Tenseur Remodelant e Sisley Masque Crème à la Rose Noir são opcões de ‘’ouro”.
2. Se tiver olheiras ou essa a zona dificil, pode pôr mesmo por baixo dos olhos uma camada espessa de um creme contorno de olhos e deixá-lo ficar até ser absorvido. Vai ajudar a obter o efeito que pretendemos.
3. Use uma pré-base. Guerlain Parure Gold ou Clarins Aquatic Tresures Pré-Base são duas óptimas opções. Para peles morenas aconselhamos Guerlain Terracota Skin .
4. Hidrate os lábios.
5. Se usar dourado nas pálpebras, vai ser com ou sem eyeliner? (apresentamos as duas opções na figura). Se quiser criar um efeito dramático nas suas pestanas, depois da primeira camada de mascara, com um pequeno pincel, aplique-lhes sombra preta ou azul escura e volte a pôr outra camada.
Recomendamos MAC Pigment em Gold, Belmacz gold cream shadow, YSL sombra de olhos nr8.
6. Batons fortes como o encarnado ou o fuchsia da ilustração, sejam mates ou glossy, são um complemento perfeito. Podem ser mais intensos ou mais transparentes. Sugerimos YSL Rouge Pur Couture The Mats nr 203 e 208, Make up Factory Mat Lip Stylo nr 29 e 42, e YSL Baby Doll Batom, Dior Dior Addict Fluid Stick Wonderland.
7. Esta maquilhagem baseia-se em dar luz ao rosto e favorece a maioria das mulheres. Os pontos de luz (highlights) fazem toda a diferença. Onde aplicá-los? Por cima das maçãs do rosto mesmo a seguir ao blush, por cima e por baixo das sobrancelhas (levemente), na cana do nariz, no canto interior do olho, por cima do lábio superior (uma linha muito fina, está no desenho).
Gostamos de Clarins Colours of Brazil Iluminador, Shiseido Accenuating Colour stick, Guerlain.
8. Quando escolher um iluminador dê preferência aos nacarados mas que não tenham purpurinas. Se tiver pele oleosa, use-o em pó e com toques muito leves. A melhor forma de o aplicar é com a ponta dos dedos em toques suaves.
MUSAS
Tilda Swinton
Porte aristocrático, silhueta esguia entre um elfo e uma fada “avant-garde”, pele muito branca, cabelo curto de inspiração punk oscilando entre o louro platinado e o ruivo escuro, Tilda Swinton é uma inspiração para fotógrafos, realizadores, estilistas, pintores e outros artistas.
Katherine Matilda Swinton of Kimmerghame é actriz, performer, pintora, defensora de causas humanistas e artísticas. Musa de vários criadores, dona de uma elegância depurada como raramente se vê, ela é a prova viva que a simplicidade pode ser a máxima sofisticação.
Em 2014 foi agraciada com o “Rothko Chapel Visionary Award”. A “Rothko Chapel” é um espaço único no mundo construído como um oásis de paz no meio da cidade de Houston (Texas). Este centro (que alberga 14 obras do pintor que lhe dá o nome), é também um lugar dedicado à espiritualidade em todas as suas formas e aos direitos humanos. Assume como missão “inspirar as pessoas a agir através da arte e da contemplação (…)”.
O discurso que Tilda proferiu na gala da entrega dos prémios é o melhor testemunho da sua liberdade de espírito e pensamento luminoso. Vale a pena lê-lo (AQUI) para conhecer um pouco melhor esta escocesa convicta que, quando não está em qualquer parte remota do mundo a filmar, vive pacatamente no norte da Escócia, longe do bulício da cidade e “muito próxima da natureza”. Alternando entre filmes mainstream e produções independentes, sempre fiel a si própria, afirma que não tem uma carreira, tem uma vida.
“Glamour é uma palavra com origem na língua escocesa e significa “magia perigosa”. Podia ser a sua perfeita definição.