Narrativa: um Homem Brasil e um Rapaz Portugal estão enamorados de uma Mulher Espanha. Atlântico é um triângulo, mas é um triângulo escaleno, não tem ângulos iguais. O pianista português tem um amor platónico pela espanhola, um amor tão grande como Platão tinha pelas ideias, mas não lhe diz nada, apenas grava e lhe manda canções ao piano como antigamente se mandavam cartas.
Já o homem brasileiro, alquimista, sabedor ancestral das químicas da música, procura microscopicamente a mais famosa das alquimias: transformar o canto em encanto, transformar o ar em ouro, como se a música se pudesse transformar em tentações.
Por quem se encantou afinal a estrangeira? A mulher Espanha não quer saber de “nadie”. Fica olhando para dentro “escuchando” seu Fado, como se tivesse nascido no sítio errado, mas para os nossos dois enamorados “su nascimento” e o seu canto era a prova de que às vezes o mundo, onde quer que se nasça, pode estar muito certo, como a eterna soma de um triângulo.