Depois de uma jornada europeia com resultados animadores, Sporting e Benfica cumpriram as respetivas missões na corrida pelo título de campeão nacional de futebol. Mas deram sinais contraditórios relativamente ao que vinham evidenciando. Os de Alvalade viram-se e desejaram-se para vencer em casa o Belenenses. Os da Luz foram a Braga vencer sem grandes sobressaltos por 2-0 e manter acesa a chama do título.
A vitória do Sporting, apesar de inteiramente justa, teve o condão de mostrar que o plantel está longe de dar garantias de aguentar a carga de várias competições. O esforço demonstrado na eliminação do Benfica da Taça e, a meio da semana, na goleada com reviravolta no marcador sobre o Lokomotiv de Moscovo, traduziu-se numa fraca exibição frente ao Belenenses. Percebeu-se bem a razão do treinador do Sporting em rodar o plantel nos jogos europeus. É que nem o apelido que ostenta lhe permite fazer milagres. Embora aquela mão tardia de Tonel, um homem que já foi da casa em Alvalade, tenha aparecido no jogo qual estrelinha de Belém a guiar o Sporting à vitória.
O Benfica, por seu lado, foi a Braga garantir o único resultado que lhe interessava. Tudo o que não fosse a vitória deixaria os encarnados quase que definitivamente arredados da luta pelo primeiro lugar. Foi, por isso, uma vitória fundamental, fruto de mais uma excelente entrada em jogo (aos 11 minutos o Benfica já vencia por 2-0), de alguma sorte (três bolas no ferro) e muita entrega. Apesar da equipa continuar a não conseguir controlar os adversários e de permitir que cheguem em demasia a zonas de concretização, a verdade é que a equipa começa a demonstrar finalmente uma ideia de jogo. Depois de, a meio da semana, ter conseguido garantir o importantíssimo apuramento para os oitavos-de-final da Champions, Rui Vitória foi capaz de sair, esta segunda-feira, do Estádio da Pedreira com um resultado que permite acalmar a contestação ao seu trabalho. E, além disso, ganhar fôlego e tranquilidade para consolidar o novo modelo de jogo, numa altura em que os adversários mais complicados estão, para já, fora de rota.
A última semana pode, aliás, ter sido o ponto de viragem da trajetória do Benfica. Depois da terceira derrota da época contra o Sporting, viu-se aparecer, finalmente, a tão aclamada “estrutura”. Rui Costa, administrador para o futebol, saiu finalmente a terreiro para defender clara e inequivocamente a posição do treinador. E o diretor de comunicação João Gabriel veio recalibrar as espectativas, assumindo, pela primeira vez, que esta pode ser uma época de transição no Benfica, dada a mudança de paradigma, o desinvestimento e a aposta na formação. Respostas coordenadas que permite este esvaziar de pressão em torno do treinador e parecem ir no sentido de um corte definitivo com o passado e com o trauma Jesus. O que pode levar o Benfica a reencontrar-se e a mostrar que ainda tem uma palavra a dizer na presente temporada.
Quem tem também uma palavra a dizer é, claro está, o FC Porto, que viveu esta semana uma jornada europeia de pesadelo, passando de quase apurada a quase eliminada na Liga dos Campeões ao perder em casa com o Dínamo de Kiev. Depois desse desaire quase se seguiu outro no fim-de-semana, frente ao Tondela. Valeram Iker Casillas e aselhice do seu compatriota Chamorro para evitar um empate frente ao recém-promovido e último classificado Tondela. A paciência dos adeptos portistas começa a esgotar-se para com as permanentes invenções de Julian Lopetegui que, apesar de voltar a dispor daquele que é unanimemente considerado o plantel mais forte em Portugal, teima em não convencer. De tal forma que reina o silêncio pelo estádio do Dragão. Jorge Nuno Pinto da Costa, a quem chamam o Papa, anda estranhamente calado, porventura envergonhado pela prestação do basco, sua escolha pessoal. Mas não deixa de ser estranho que as únicas palavras que se lhe ouviram nos últimos tempos (ontem à noite, na gala anual do clube) foi para elogiar o mexicano Herrera, galardoado com o Dragão de Ouro, mas habitual suplente de Lopetegui…