Nos dias de hoje, a imagem de um corpo musculado é frequentemente associada à estética e ao ideal de beleza, especialmente no contexto fitness. Nas redes sociais, nas capas de revistas e nos rótulos de suplementos, corpos definidos e musculados são apresentados como sinónimos de saúde e sucesso. No entanto, a importância da massa muscular vai muito além da aparência física. Trata-se de um componente fundamental para a saúde metabólica, o equilíbrio hormonal e a qualidade de vida ao longo dos anos. Manter uma boa quantidade e qualidade de massa muscular não é apenas uma questão estética, mas uma estratégia essencial para a promoção da saúde e da longevidade.
A massa muscular desempenha um papel fundamental como reservatório de proteínas essenciais para a regulação da homeostase da glicose e dos lípidos. Por outras palavras, os músculos armazenam energia indispensável para as atividades quotidianas, como caminhar, pegar em objetos e interagir com o meio ambiente. Além disso, são determinantes na forma como o corpo utiliza outras fontes de energia, como a gordura armazenada em adipócitos e os açúcares presentes no tecido muscular. Igualmente, funcionam como um órgão endócrino que ajuda a regular várias ações do nosso organismo, ajudando no seu bom funcionamento. A perda progressiva de massa muscular compromete o equilíbrio metabólico do organismo, tornando-se um fator de risco para o desenvolvimento de diversas doenças crónicas. De acordo com um estudo publicado em 2022, a menor quantidade de massa muscular parece estar positivamente associada a um risco aumentado de desenvolver diabetes tipo II, independentemente do nível de gordura corporal. Da mesma forma, estudos recentes apontam para uma relação semelhante no que diz respeito ao risco de morte por qualquer causa e por doenças cardiovasculares. Na análise de um estudo publicado em 2024, retira-se que o risco de morte duplicou naqueles sujeitos que apresentavam uma menor quantidade de massa muscular e elevada gordura abdominal, chegando a triplicar naquelas que tinham associado doenças cardiovasculares, mesmo com percentagens de gordura corporal dentro do intervalo considerado saudável. Assim, ter baixos níveis de massa muscular pode ser tão prejudicial quanto ter elevados níveis de gordura corporal.
Contudo, importa salientar que, embora baixos níveis de massa muscular possam estar associados a um maior risco de mortalidade por todas as causas, esse risco aumenta significativamente com o aumento da gordura corporal. Pessoas com obesidade apresentam, geralmente, um risco superior, como concluído num estudo realizado por investigadores chineses. Por outro lado, um estudo publicado em 2014, que analisou 3659 adultos com 55 ou mais anos, observou que uma maior massa muscular está associada a um risco 19% inferior de morte por qualquer causa. Ou seja, a quantidade de massa muscular parece ser um indicador de longevidade.
As evidências sugerem que tanto a perda da massa muscular quanto a incapacidade do sistema neuromuscular de gerar tensão (leia-se força muscular) estão associadas a um estado de saúde comprometido. Apesar de as redes sociais e outros meios de comunicação frequentemente vincularem a massa e a força muscular a questões estéticas ou ao desempenho desportivo, ambas têm um papel essencial na diminuição do risco de doenças crónicas e na promoção de uma melhor qualidade de vida ao longo dos anos. Assim, como já referido neste texto, ter músculos fortes e saudáveis não pode ser reduzido e associado a questões estéticas, deve ser uma estratégia de saúde e longevidade.
Nota: Este artigo foi escrito em colaboração com o prof. José Vilaça-Alves, professor auxiliar na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro.
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