No caminho por um mundo mais verde, mudam-se os hábitos e as vontades dos consumidores para abraçar, cada vez mais, opções sustentáveis. Da roupa à tecnologia, sem esquecer mobiliário e livros, muitos são os pertences que mais de metade dos portugueses já estão a comprar em 2ª mão, mais do que há 5 anos, segundo um estudo da Kantar em 2022. Mas, entre tanta escolha na era digital, com lojas disponíveis 24/7 e à distância de um clique, onde fica a (des)informação sobre o real impacto destes produtos no planeta?
Sem uma clara perceção de como as marcas operam e do impacto da sua cadeia de valor para o ambiente, é possível que os consumidores optem por produtos com efeito negativo para o planeta. A prática nociva do “greenwashing” passa precisamente por mostrar, em aparência, um determinado produto mais sustentável mas que, quando se avalia toda a produção, distribuição e longevidade do mesmo, se compreende que não é uma opção ambientalmente mais sustentável.
Na sede por ser “green”, é possível sair lesado pelo “greenwashing” se não se fizer um bom “trabalho de casa” para ter toda a informação ao nosso alcance – enquanto consumidores, ter conhecimento é realmente a forma mais poderosa de adotarmos hábitos sustentáveis de forma segura. De acordo com um estudo recente publicado na revista Nature, ainda há consumidores a relatarem ter dificuldade a compreender o impacto carbónico que empresas e indústrias têm, abrindo portas à continuidade de práticas pouco sustentáveis e atrasando o desenvolvimento de soluções mais benéficas para o planeta e para os consumidores.
Num cenário marcado pelo consumismo rápido e do descartável (por exemplo, um telemóvel é usado apenas numa média de dois anos), é fundamental que as marcas invistam na otimização de toda a sua cadeia de produção para diminuir o impacto ambiental – seja na procura por materiais mais sustentáveis, na redução das emissões carbónicas ou na circularidade dos seus produtos. Mas além de investir, cada vez mais, em processos e produtos que poupam o planeta, é fundamental que as marcas contribuam ativamente para esclarecer, informar e educar os consumidores.
É responsabilidade de todos procurarmos a informação mais correta, mas também devemos chamar a indústria e os seus players a assumir um papel educador essencial para uma sociedade mais consciente. Só através deste apoio poderemos contribuir para um futuro melhor, onde cada escolha é tomada de maneira informada, consciente e confiante.
Os textos nesta secção refletem a opinião pessoal dos autores. Não representam a VISÃO nem espelham o seu posicionamento editorial.