Recentemente escrevi, neste mesmo espaço, que não consigo compreender o porquê da necessidade do retorno do serviço militar obrigatório. Nesse mesmo texto defendi que Portugal tem know-how e história para responder com outro tipo de oferta. Por exemplo fazendo avançar uma indústria militar onde Inovação & Desenvolvimento, patentes militares, academia e startups trabalhem lado a lado.
Quando esta semana o Ministro da Defesa defendeu que os jovens que cometem pequenos delitos possam cumprir serviço militar, em vez de ficarem institucionalizados, gelei num primeiro momento. A solução para as forças armadas passa pela profissionalização, pela especialização cada vez mais em tecnologia de ponta. Ora, colocar armas nas mãos de delinquentes é estratégia suicida. Mas…não merecerão estes jovens uma oportunidade para além de um Centro Educativo? Não poderão estes jovens escolher entre Centro Educativo ou Serviço Militar – tal como existe o Serviço Cívico?
A pergunta tem, deve, ser respondida, debatida pela sociedade. Sabendo que o serviço militar incute valores como honra, lealdade, coragem, patriotismo, porque não dar a opção aos jovens que comentem pequenos deslizes de serem reintegrados através da disciplina militar? É obvio que não é serviço militar obrigatório, até porque seriam eles (os jovens) a escolher onde cumprir a sua pena.
Os militares – que parecem ter cada vez mais altas patentes do que soldados – já se manifestaram contra. Dizem que os jovens que cometem pequenos delitos poderão transformar as Forças Armadas “numa colónia penal” e os quartéis “numa penitenciária”, que os especialistas desaconselham que estes jovens tenham contacto permanente com armas de fogo.
O tema merece análise e não uma resposta final sem que antes se tenham procurado alíneas. Pontos que possam contribuir para a reinserção de quem muitas vezes só conheceu uma família disfuncional.
Nem tanto o mar, nem tanto à terra. Se em primeira estância me pareceu um devaneio mental, tal como em campanha Paulo Nuncio tinha falado do regresso à proibição do aberto, depois de refletir, vejo duas vertentes. Primeiro, se as casas de correção para onde estes jovens vão, não cumprem a sua função e os levam por mais caminhos (a dar por certo que é assim, tal como Melo referiu) então temos que redefinir o funcionamento desses colégios de inserção. Por outro lado, o serviço militar, a hierarquia e ordem desta respeitada instituição, pode ser uma opção, reafirmo, uma opção, para estes jovens, de modo a garantir uma nova oportunidade para quem erra.
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