Ter, pelo menos, um progenitor estrangeiro ou ter pais com menor nível de escolaridade faz aumentar consideravelmente o risco de pobreza. Os dados são de uma análise do Instituto Nacional de Estatística (INE) ao rendimento e condições de vida. E são bastante claros: se, por exemplo, um adolescente de 14 anos tiver pais que possuam ambos formação ao nível do ensino secundário ou superior, a sua taxa de risco de pobreza é de, no máximo, 8,6%. Se, por oposição, os progenitores tiverem estudado apenas até ao 3º ciclo do ensino básico, essa taxa dispara para mais de 17%. No mesmo sentido, no caso de um adolescente ter ambos os pais de nacionalidade portuguesa, a taxa de risco de pobreza é cerca de nove pontos percentuais mais baixa do que se um deles for estrangeiro.
Há vários outros números muito interessantes neste relatório, mas estes são suficientes para fazer soar alguns alarmes – e, já que atravessamos uma mudança de ciclo eleitoral, devemos colocar o assunto em cima da mesa. É ideia generalizada que o facto de os filhos estudarem mais do que os pais lhes permite subir no elevador social. No entanto, o que as evidências – e dados como os agora revelados – mostram é que ter mais escolaridade não chega. Por exemplo, o contexto socioeconómico impacta de forma muito significativa essa subida de degraus, bem como o acesso ou não a educação pré-escolar. E a escola, embora desempenhe um papel fundamental no desenvolvimento de competências de crianças e jovens, ganha (muita) força com os estímulos que os alunos têm fora dela.