A “coisa” até poderia funcionar e chamar à atenção para temas que são transversais ao mundo, afinal não é todos os dias que se consegue romper a segurança de um museu como o Louvre e arremessar sopa à obra-prima de Da Vinci, a Mona Lisa, ao mesmo tempo que se grita pelo direito a uma alimentação saudável e sustentável. Não é todos os dias que se atingem políticos portugueses com tinta e se apela pelo ambiente, ou é.
A “coisa” poderia funcionar, mas perdeu a piada a partir do momento em que estes ativistas não mudam o modus operandi, como pediu o presidente, nem pensam nas consequências para o ambiente dos seus atos. Quantos litros de água foram desperdiçados para, por exemplo, limpar as fachadas dos vários edifícios atingidos por tinta ativista na cidade de Lisboa? Muitos, muitos hectolitros. Qual o destino das roupas inutilizadas graças à tinta ativista? Só as “vítimas” sabem, mas aposto: lixo ou lavagem com muita, muita água. Vou fazer fé de que os ativistas pensaram nas consequências caso a tinta ativista atinja por exemplo os olhos do oponente.
O que se viu esta semana foi feio. O que se viu aquando do último debate com todos os partidos com assento parlamentar não foi bonito. O que se viu com os ministros do Ambiente e das Finanças foi feio. É certo que em Democracia o ato de manifestar é um direito, mas será que a imaginação destes jovens não consegue mais? Tinta… aposto que conseguem melhor e sem que haja necessidade de gastar hectolitros, hectolitros de água para limpar.
Já aqui recordei a forma de luta daqueles que nos anos 90 tinham a mesma idade (ou até menos) destes jovens ativistas do século XXI. Na altura a luta era interna e o tema Educação. Não precisam de seguir o exemplo, ou ainda são acusados de atentado ao pudor, mas basta serem criativos q.b..
E por falar em old school, quantos governos mais serão necessário para que se retire do calendário eleitoral o “dia de reflexão”?
Numa altura em que o voto pode ser exercido antecipadamente, em que os cartazes eleitorais nunca cumprem (nunca cumpriram!) as devidas distâncias das assembleias de votos, em que as redes sociais permitem um contínuo de comunicação eleitoral, fará sentido o “dia de reflexão”? Se votar já no domingo, 3 de março, dia em que os partidos candidatos a formarem Governo estarão em campanha, as televisões a revelarem sondagens, os comentadores a exercerem a sua função, o dia de reflexão não é importante, haja coerência!
Meio século depois de Abril de 74, há temas menores que também necessitam de ser revistos. Começo a repetir-me, mas é urgente que o próximo Governo tenha a força, a maioria e a vontade para fazer acontecer. Como está… não pode continuar.
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