Com o país a “ferro e fogo”, onde greves e manifestações de professores, de médicos, da administração pública, são (e bem) uma constante, o grupo Climáximo, composto na sua maioria por jovens, que se apresenta como fazendo parte do movimento internacional pela justiça climática, envereda, como habitualmente, por manifestações com modelos diferentes.
Em todas as ações, e já são muitas (no site do grupo remontam a 2017 e vão desde a entrada do grupo no Ministério do Ambiente onde espalharam dinheiro sujo de petróleo, ao recente bloqueio da 2.ª Circular ou da Rua de S. Bento, em Lisboa), há algo que me deixa confuso. A luta é de facto pelo ambiente
Se assim é, estes jovens têm o dever de ser mais criativos e, sobretudo, nivelar por cima os seus desejos para um futuro mais sustentável.
A esta hora está a pensar em desistir de ler esta crónica. Mas, a verdade é que começa a não haver paciência para ações como aquelas a que temos assistido.
Ao optarem por vandalizar imóveis, aqueles jovens obrigam ao gasto de água, esse bem tão precioso e cada vez mais escasso, para que o edifício seja devolvido ao dia-a-dia. Ao bloquearem artérias principais da cidade, ficarem suspensos em viadutos e obrigando as autoridades a retirá-los, estes jovens perdem toda, mas toda a razão. E isso ficou patente nas imagens televisivas aquando do bloqueio da 2.ª Circular. São civis, e sublinho, civis, quem os agarra e transporta para a berma.
Estes jovens são sem dúvida o futuro e têm todo o direito a manifestar-se, a fazer mais por ele. Mas, não será preferível nivelar por cima e, por exemplo, mudar o slogan “abaixo o capitalismo” por “abaixo a pobreza”? É disso que se trata. O que não queremos é ser pobres. O que queremos é poder fazer opções de vida, sem depender em nada do Estado.
O elevador social só funciona se todos nivelarmos por cima. Se percebermos que o país é muito mais do que os grandes centros urbanos. Portugal também tem riqueza no interior. No Oeste, por exemplo, há falta de mão de obra, que é colmatada por imigrantes. A indústria está a braços com falta de mão de recursos humanos.
Fechados na bolha urbana, estes jovens não passam de papagaios do que se faz lá por fora. E Portugal tem tanto para dar a jovens e menos jovens. Saibamos apostar as fichas e gritar bem alto “abaixo a pobreza.
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