No ano em que comemora 25 anos de existência, o FIMFA Lx – Festival Internacional de Marionetas e Formas Animadas regressa à cidade de Lisboa com uma edição comemorativa que, de 8 de maio a 1 de junho, apresentará mais de 20 espetáculos de prestigiadas companhias e criadores internacionais e nacionais, em 10 espaços culturais da cidade.
O JL conversou com um dos diretores artísticos do festival, Luís Vieira, da companhia A Tarumba – Teatro de Marionetas, produtora do evento.
Por que razão, há 25 anos, sentiram a necessidade de criar o FIMFA?
Apesar de já sabermos que havia um público para o teatro de marionetas, porque tínhamos a nossa companhia e víamos pessoas interessadas, o festival surgiu numa das muitas viagens que fazíamos pelo estrangeiro, e continuamos a fazer, na qual vimos coisas extraordinárias. Já havia um festival no Porto e outro em Évora, bianual, mas como em Lisboa ainda não havia nada, decidimos arrancar com o projeto, precisamente para tentar mostrar a diversidade deste universo e complementar a falta de oferta que existia no país e na cidade.
Sentem que o FIMFA tem contribuído para que as pessoas percebam que as marionetas não são só para crianças?
Sem dúvida. Infelizmente, esse estigma continua a existir, mas uma das coisas que o festival conseguiu foi instalar-se na cabeça das pessoas, por assim dizer. Há quem tenha um pensamento crítico sobre as artes da marioneta que não tinha há 20 anos. Não é a grande maioria, porque o FIMFA é uma coisa que ainda muita gente não descobriu, mas, quando descobre, fica fascinada.
O que prepararam para a edição deste ano?
Quisemos ter um conjunto de novidades bastante variado. Temos projetos mais clássicos, coisas mais vanguardistas, coisas mais tradicionais, enfim, há de tudo um pouco.
Quais as propostas a não perder até por quem acha que não gosta de marionetas?
O espetáculo de abertura, uma adaptação da Casa de Bonecas, de Henrik Ibsen, que é a nova criação da encenadora Yngvild Aspeli e da companhia franco-norueguesa Plexus Polaire. A Yngvild põe atores e marionetas de tamanho humano em palco e cria um universo na fronteira entre o fantástico e a realidade. Muitas vezes não se sabe bem se são os atores ou as marionetas que estão em cena. Outro que não posso deixar de falar, uma co-produção com o Teatro Nacional, é a Sagração da Primavera, obra icónica do Stravinsky que foi re-imaginada pelo coletivo italiano Dewey Dell de uma forma muito particular, inspirados em insetos, a partir de um conjunto de maravilhosos figurinos e máscaras, com uma coreografia extraordinária e dois break-dancers formidáveis em palco.
Também há espetáculos para famílias?
Sim, vão ser no LU.CA e no Museu de Lisboa, tanto no Palácio de Pimenta como no Teatro Romano. Vamos ter marionetas de fios, um conjunto de marionetistas circenses inspirados em Bosch, os tradicionais robertos e ainda experiências feitas entre artistas plásticos e cientistas, que nos trazem o teatro mais pequeno do mundo, porque trata-se da animação de micro-partículas.