De 29 de maio a 16 de junho, o Parque Eduardo VII voltará a ser palco da Feira do Livro de Lisboa. Na 94º edição, o evento conta com 10 novos pavilhões e mais de 1500 eventos pensados para captar novos leitores.
O JL falou com Pedro Sobral, presidente da Associação Portuguesa de Editores e Livreiros (APEL), a entidade organizadora da Feira.
Podemos esperar novas editoras nos 10 novos pavilhões da 94ª Feira do Livro de Lisboa?
Alguns deles foram atribuídos a participantes que já se encontravam na feira, mas que, pela cota de mercado e a relevância que têm adquirido, têm de ter outro destaque. Outros foram então atribuídos a novos participantes, que também precisam e que garantem e contribuem para uma das questões mais relevantes da Feira que é a diversidade.
Estão a surgir muitos projetos novos?
Estão, sobretudo, a surgir novas formas de trabalhar o livro, por parte de editores que já se encontravam no mercado. Desde 2021, nota-se uma nova dinâmica, um novo segmento de leitores. Até 2019, o livro era um objeto que se encontrava muito no mercado de oferta. Era a partir de setembro que se fazia 67% das vendas do ano, tendo em vista o Natal. Mas, a partir do confinamento, começaram a surgir muito mais pessoas a comprar para consumo próprio.
Com que consequências comerciais?
Em primeiro lugar, começaram a vender-se muito mais livros de ficção do que de não-ficção, em segundo, quem compra para consumo próprio está muito atento à relação qualidade-preço, e, por fim, recorre-se muito mais à compra de livros em livrarias do que noutros canais, como os hipermercados, que têm livros muito mais utilitários, de personagens públicas ou com a dieta da moda.
A globalização também alterou os hábitos de consumo?
Sim. O acesso às traduções portuguesas tem de ser cada vez mais rápido. Num mundo global, com a grande digitalização que existe, o livro sai na língua original, nomeadamente em inglês, e com três cliques de botão compro. Os editores portugueses têm de criar novas dinâmicas processuais para que estes livros cheguem mais rapidamente ao mercado.
Os tais livros utilitários ainda trazem muita gente à Feira?
Obviamente que sim, e a feira está muito montada para isto. Da restauração ao passadiço, passando pelas esplanadas ou pelas atividades paralelas, o objetivo é trazer pessoas que não leem, nem compram livros, e criar novos leitores.
Que atividades paralelas poderão cativar essas pessoas?
Vamos ter coisas para todos os gostos: escritores internacionais, nacionais, as clássicas sessões de autógrafos, muitas conversas e debates, música, teatro, muita fertilização com outras expressões artísticas. Neste momento, já temos cerca de 1100 eventos programados, em comparação com os 500 do ano passado, na mesma altura.
Há exemplos incontáveis de pessoas que não liam e passaram a ler, após uma tarde na feira. Este ano, as condições estão garantidas para que tal aconteça a muito mais pessoas