O Google tem a mania que é esperto. Criou um algoritmo e põe-se a adivinhar ou completar as nossas perguntas. Por vezes – hurra as máquinas ainda são falíveis! – leva-nos por caminhos algo insólitos, Por exemplo, se escreverem “Why Portuguese”… O motor de pesquisa sugere “Why Portuguese are Called Pork Chops”. Ou seja, os portugueses são chamados costeletas de porco. Ah são? Eu sei que em Marrocos somos conhecidos pelos laranjas e noutras paragens o bacalhau precede a nacionalidade, agora costeletas de porco nunca tinha ouvido falar. Aprofundamos esta idade dos porquês. E, mesmo em português, escrevemos apenas “Porquê”. E aparece-nos, entre as quatro hipóteses, “Porquê que os pilotos kamikazes usavam capacete?” Cá está, é uma boa pergunta. Daquelas que nos levam a clicar em busca de uma resposta. Tal como, de resto, aconteceu na anterior. Então, afinal, o Google é mesmo esperto. A forma como desenvolve o algoritmo do motor de pesquisa prevê o facto insólito. A ideia é simples. Três das sugestões são efetivamente as mais procuradas, por exemplo: “Why is Portuguese the New Language of Power and Trade” (esta até nos deixa orgulhosos), o que alimenta a nossa preguiça de teclar e torna a pesquisa mais rápida. Contudo, uma das hipóteses é suficientemente disparatada para nos suscitar a curiosidade, ao ponto de a escolhermos, mesmo quando não era aquilo o que estávamos à procura. O objetivo do Google é a permanência no site. A induzir-nos a fazer uma pesquisa prévia, adiando a que tínhamos intenção de fazer, consegue manter-nos mais uns tempos no g-world. Eles ficam contentes e nós satisfazemos a nossa curiosidade.Muitos estudos e indagações têm sido feitos em relação ao algoritmo do Google, que, na verdade, está em permanente reconstrução ou aperfeiçoamento. Os mais poderosos sites usam ferramentas e pequenos truques para assegurar que aparecem nas primeiras entradas das pesquisas. Mesmos alguns jornais on-line se deixam levar pela ditadura do algoritmo e abdicam da maior pertinência vocabular jornalística em detrimento do abuso de palavras-chave que lhes permitem uma melhor posição na folha de resultados da pesquisa. Se se aperceberem que bananas resulta em muitos cliques, vão escrever bananas as vezes que forem necessárias. Porquê bananas? Perguntei ao Google. Ele completou “Porquê que as bananas se vão extinguir?” Ai vão? E, claro, os pilotos kamikazes usavam capacete porque este fazia parte da farda. E se era para morrer pela pátria, era para morrer fardado.
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