Eu era contra. Convictamente contra. Enviavam-me pedidos e eu fingia que não via. Que não era nada comigo. Que aquilo ia passar. Que iam desistir. Mas a coisa era insistente. Os nomes sucediam-se. Nomes que não via escritos há muitos anos. Caras que, de repente, se tornavam adultas. Os percursos eram variados, as páginas mais ou menos loucas, os links mais ou menos desconhecidos.
Alguns tinham casado, outros já estavam divorciados, alguns tinham filhos, outros continuavam a estudar. E eu a resistir, a dizer que não queria entrar. Havia jantares em que toda a gente me dizia: “Vá, não sejas parva, entra lá que é divertido, vais ver que vais gostar”. E eu a dizer que não, que me fazia impressão andar a contar a sei lá quantas pessoas pedaços da minha vida. Que quando queria dizer alguma coisa a um amigo, gostava de lhe telefonar, de o convidar para um programa. Mas há uns tempos não deu para continuar a negar. E lá me rendi ao livro das caras, vulgo Facebook. E, quando há poucos dias, fui tomar café com uma grande amiga de infância que não via há anos, soube que tinha feito bem.