A 35ª edição do Festival Internacional de Banda Desenhada da Amadora – Amadora BD, dedicado ao tema “Humanidade”, decorre de 17 a 27 de outubro e promete exaltar os valores da democracia, liberdade, justiça e igualdade, através de 15 exposições que ocuparão o Parque da Liberdade e vários equipamentos culturais do município.
O JL conversou com Catarina Valente, diretora do evento.
Porquê o tema “Humanidade”?
Catarina Valente: Foi um tema escolhido a partir do momento em que percebemos que o evento seria integrado nas comemorações dos 50 anos do 25 de abril. Além disso, “Humanidade” era um conceito transversal aos conteúdos que íamos apresentar este ano. A ideia era questionar o público sobre o que é isto de ser humano, como é que a humanidade tem vindo a evoluir e de que forma essa evolução tem estado representada na banda desenhada.
De que forma é que o tema se reflete nas exposições?
Todos os personagens e histórias presentes nas exposições encerram valores humanos. Por exemplo, a Mafalda, que comemora 60 anos, além do seu ativismo e ideais contestatários, encerra em si os valores de abril. Marcelo D’Salete, que está de volta ao evento com uma exposição individual, trabalha o racismo estrutural e a segregação racial; Christian Lax, em Universidade das Cabras, fala-nos do acesso à educação, do analfabetismo e da forma como as mulheres têm vindo a ser excluídas do conhecimento, sobretudo nas cidades onde os regimes totalitários imperam; e Mathieu Sapin traz uma biografia do sogro, que foi imigrante na década de 70, em busca da liberdade e melhores condições de vida.
Além disso, este ano, há uma preocupação especial com a acessibilidade e inclusão.
Sim, uma das exposições centrais é a do Daredevil, personagem da Marvel Comics que representa a inclusão, porque é portador de uma condição diferente, é cego.
A exposição tem algum elemento especificamente pensado para pessoas cegas?
Vamos ter especial atenção ao som e ao tato. Há várias estruturas cenográficas que vão explorar as vibrações de som, criadas por um sonoplasta e uma cenógrafa especificamente para a comunidade surda, e um piso podotátil que encaminhará o visitante cego dentro da exposição. Além disso, toda a legendagem foi revista para que as pessoas cegas possam perceber o que é que está exposto.
Os artistas vivos com obra exposta estão presentes no evento?
Sim, em ambos os fins-de-semana as pessoas poderão conhecer os autores e solicitar autógrafos.
Haverá programação paralela?
Este ano temos uma novidade, uma exposição chamada “Avenida da Liberdade nº 74”, cuja proposta é a recriação de uma avenida da década de 1970 da cidade de Lisboa. O visitante, nos dois fins de semana do evento, é convidado a participar em oficinas onde poderá criar o seu próprio cartaz e colá-lo na parede da exposição, contribuindo para o seu resultado final. Faremos ainda um mural coletivo, noutra parede da avenida, dinamizado pelo artista plástico Pedro Amaral.