Iniciativa com o apoio da CGD
Conversar sobre “A Gestão Florestal e a Sustentabilidade” reuniu, em debate, Daniel Santos, diretor da Floponor, Carlos Oliveira, gerente da HEN, Emanuel de Castro, coordenador executivo da Associação Geopark Estrela, e Francisco Cary, administrador executivo da Caixa Geral de Depósitos, no âmbito da iniciativa Encontro Fora da Caixa, que decorreu, esta segunda-feira, na Câmara Municipal da Guarda – e da qual a VISÃO é parceiro de média.
Sob o tema “A Floresta, o Ordenamento do Território e o Impacto Económico”, os participantes – numa conversa moderada por Mafalda Anjos, diretora da VISÃO – reuniram unanimidade quanto à importância do foco passar pela “valorização” e pela “boa gestão” da mancha florestal nacional. Os projetos que têm vindo a ser desenvolvidos por estas entidades, têm, precisamente, procurado cumprir esse desiderato, numa lógica de rentabilidade económica e ambiental.
Daniel Santos, diretor da Floponor (empresa que gere cerca de 2 mil hectares de floresta em Portugal), recordou que este “grande recurso do país” tem um forte peso na economia – responsável por 5% do PIB e emprega cerca de 5 mil pessoas –, mas também “é geradora de importantes serviços ambientais”. O responsável alertou que “a floresta, tal como outros recursos, não é protegida por decreto, é por isso importante ser valorizada pelas matérias-primas que produz e também pelos serviços que proporciona”.
Carlo Oliveira, da HEN – Serviços Energéticos, Lda, empresa que se instalou no Interior, e tem apostado (forte) no desenvolvimento de hidrogénio verde, destacou que esta tecnologia “ainda está numa fase de maturidade baixa”… mas a evoluir. Nesse sentido, relembrou que “existem questões técnicas e outras que têm de ser estudadas e melhoradas” e, como solução, propõe “ambição” e a criação de “sinergias com universidades, o poder local, as instituições reguladoras e o mercado em si…”.
“O hidrogénio verde é viável e possível. Neste momento, estamos a criar viabilidade para a operação. Com energia verde ou com certificados verdes em grandes quantidades, o hidrogénio verde será uma realidade, e utilizado como mistura (nas condutas que transportam gás natural), mas também na indústria cinzenta da cerâmica e do vidro e , claro, na mobilidade”, garantiu Carlos Oliveira.
Já Emanuel de Castro, coordenador executivo da Associação Geopark Estrela, destacou a necessidade de se trabalhar na defesa e preservação do património natural da Serra da Estrela, que passa, sobretudo, pela batalha contra a desertificação naquela região do país (e de todo o interior). “Viverem, nesta zona, mais pessoas, torna a Serra da Estrela mais protegida”, afirmou.
Numa área amplamente desertificada, com uma população envelhecida, o grande desafio é contrariar a tendência. “É importante que se criem instrumentos para tornar este território mais atrativo, para que as pessoas se fixem, tenham orgulho, um sentido de pertença em relação ao território… Se assim não for, qualquer qualquer estratégia vai cair por terra”, garantiu Emanuel de Castro.
Francisco Cary destacou, por sua vez, o papel (e o compromisso) da banca no caminho para a descarbonização, através de financiamentos concedidos a diversos projetos. “A sustentabilidade ambiental é um tema que entrou na ordem do dia de todas as atividades económicas, e também no setor financeiro”, sublinhou o administrador da Caixa.
Dentro de casa, a instituição em dado o exemplo, procurando reduzir a sua pegada ambiental, com objetivos claros, definidos de forma independente, e que passam por travar a construção de edificios e o recurso a petróleo, gás ou cimentos, exemplificou Francisco Cary.
Entre os convidados, soou a unanimidade. E a conclusão, essa, é simples: com “boa gestão”, o aproveitamento (e a rentabilidade) da floresta portuguesa está garantido; e o fenómeno dos incêndios pode (e deve) ser controlado. O hidrogénio verde continua a ser a pista (mais forte) para o futuro…
Veja aqui o video desta conversa.