Defende o melhor uso do solo urbano nas áreas metropolitanas de Lisboa e Porto e a venda ativa, a baixo custo, dos muitos terrenos municipais que existem, permitindo assim a construção de casas a preços acessíveis. É no relançamento das cooperativas de habitação que está a solução da crise habitacional em Portugal. E alerta – os bairros da lata voltaram a crescer em força nas periferias das grandes cidades. Afonso Nuno Martins sabe bem do que fala ou não tivesse passado os últimos 30 anos a estudar a melhor forma da arquitetura esbater a pobreza e as carências económicas. Docente e investigador na Universidade da Beira Interior, o arquiteto é um especialista em Arquitetura Humanitária, aquela que se centra realmente nas pessoas, independentemente da sua capacidade financeira.
As cooperativas de habitação são a grande solução para a crise habitacional?
O movimento das cooperativas de habitação tem mesmo de voltar. Teve grande expressão ao longo dos anos 80, em Portugal, mas a legislação foi entretanto alterada, os terrenos que tinham sido disponibilizados pelo Estado e municípios foram escasseando e esse movimento acabou por esfumar-se ao longo dos anos 90. Atualmente, tem sido muito residual. É um dos temas que está incluído no programa “Mais Habitação”, mas de que pouco se fala… Muito se tem debatido sobre o término dos vistos gold, de reduzir o Alojamento Local, de tentar baixar o valor do arrendamento, mas fala-se muito pouco da produção de habitação a preço acessível e ainda menos da gestão dos solos urbanos. Mas este, na verdade, é o tema central da habitação acessível e da habitação designada como social.