A 5ª Avenida, em Nova Iorque é a localização de comércio de rua mais cara do mundo e o Chiado, em Lisboa a mais cara de Portugal, ocupando a 27ª posição no ranking global.
De acordo com os últimos dados apresentados pelo relatório global da Cushman & Wakefield, Main Streets Across the World, a 5ª Avenida, em Nova Iorque, recuperou o primeiro lugar do ranking, após ter perdido, em 2019, para Causeway Bay, em Hong Kong. Atualmente, e emblemática avenida é a localização de comércio de rua mais cara do mundo, com uma renda média de 21.076€ anuais por metro quadrado.
A indexação do Dólar de Hong Kong ao Dólar americano permitiu a Hong Kong manter a segunda posição no ranking, com a Tsim Sha Tsui a praticar uma renda média de 15.134€ anuais por metro quadrado, substituindo a Causeway Bay como localização representante do território.
Em terceiro lugar, surge a primeira localização europeia, mais precisamente a Via Montapoleone, em Milão, com uma renda média de 14.547€ anuais por metro quadrado. É a primeira vez que esta localização fica em primeiro lugar na Europa, ultrapassando a New Bond Street em Londres e os Champs Élysées em Paris.
Em Portugal a localização mais cara é o Chiado, em Lisboa, que subiu duas posições no ranking face a 2019, ocupando agora o 27º lugar a nível mundial. A renda prime na Rua Garret, eixo de referência no Chiado, tem vindo a registar uma valorização muito significativa, desde 2013, ano em que o comércio de rua em Portugal começou a registar um forte crescimento – situando-se, atualmente, nos 1.426€ anuais por metro quadrado, valor cinco vezes superior ao registado há 30 anos na zona mais cara de Lisboa.
“O retalho é sem dúvida um dos mais dinâmicos setores do imobiliário. Diretamente impactado pelos bons e maus acontecimentos, tem vindo a responder com grande perspicácia aos desafios mais insólitos que o mundo tem vindo a assistir, capaz de se reinventar e adaptar constantemente. A prova disso está na continuada estratégia de expansão que as marcas têm vindo a adotar, contrariando afirmações de que o retalho físico tende a assumir um papel redutor no futuro”, sublinhou, em comunicado, Sandra Campos, Diretora do Departamento de Retalho da Cushman & Wakefield Portugal.
E o comércio de luxo no Chiado representa bem essa resiliência. “As rendas acompanham este movimento e Lisboa ocupa agora o 27º lugar no ranking das capitais mais caras do mundo. Em cerca de 30 anos o Chiado quintuplicou o seu valor e a Avenida da Liberdade, artéria de luxo da cidade, acompanha esta trajetória e regista uma procura sem precedentes”, reforçou ainda a responsável.
As rendas no Chiado surgem, por exemplo, acima do valor médio cobrado nas luxuosas lojas do centro de Helsinquia, na Finlândia (que ocupa o 28º lugar), de Istambul, na Turquia (na 30º posição) ou a Rua Oscar Freire Jardins, a mais cara de São Paulo (que surge na 38º lugar).
“O maior teste de stress”
As rendas nos principais destinos globais de retalho caíram 13% em média no pico da pandemia da Covid-19, mas posteriormente recuperaram para apenas 6% abaixo dos níveis pré-pandémicos, contabiliza a Cushman. O crescimento global das rendas no ano passado foi em média de 2%, mas este indicador variou consideravelmente ao longo do ano.
“A indústria passou por um dos maiores testes de stress de sempre nos últimos anos, mas os melhores imóveis para retalho de rua permaneceram robustos. Embora agora enfrentemos novos desafios económicos, o discurso mudou do pessimismo para a evolução omnicanal no setor do retalho”, sublinhou Robert Travers, Head of EMEA Retail da Cushman & Wakefield.
“Muitas marcas estão a apostar numa estratégia de longo prazo, procurando garantir antecipadamente localizações privilegiadas, por forma a se adaptarem às necessidades cada vez mais exigentes dos clientes. Com mais investimentos em experiências de alta qualidade nas lojas e desenvolvimentos nas abordagens omnicanal, estamos confiantes na resiliência do setor, principalmente no segmento de luxo e nas principais cidades globais”, sublinhou ainda o responsável.
O ranking começou a ser publicado em 1988 e, é baseado no valor de renda anual mais elevado em cada país analisado, não incluindo custos de condomínio, impostos locais e outras despesas de ocupação. Este relatório era publicado anualmente, até 2019, mas foi interrompido pela covid-19, sendo esta a primeira edição pós-pandemia, o que permitiu fazer uma análise de competitividade em cenários pré e pós-covid-19.
Desde o ponto mais negro da pandemia, as rendas no mercado de retalho global recuperaram aproximadamente 50% das suas perdas. Grande parte desta melhoria ocorreu ao longo de 2021 e no início de 2022, sendo que o medo de uma recessão económica global enfatizada nos últimos seis meses, tem tido novo impacto negativo no setor.