As periferias estão a ganhar terreno nas intenções dos promotores imobiliários que estão cada vez mais centrados no mercado nacional, ou seja, nas famílias cujo rendimento não lhes permite chegar à compra de habitação nas duas principais cidades do país. Assim, os novos projetos imobiliários estão a ter quebras na ordem dos 60% em Lisboa e no Porto em comparação com a atividade do ano passado, segundo dados da Confidencial Imobiliário.
Em termos de tipo de obra, o comportamento das duas cidades difere. Enquanto em Lisboa a maior quebra ocorreu na construção nova (de 270 para 70 fogos, -75%), no Porto foi a reabilitação que mais perdeu dinâmica (de 340 para 60 fogos, -81%).
De qualquer forma, em Lisboa a reabilitação também regista menor atividade (de 355 para 185 fogos, -48%) e no Porto o mesmo acontece à construção nova (de 270 para 190 fogos, -30%). Em Lisboa, a obra nova gerou 27% dos fogos e a reabilitação os outros 73%. No Porto, essas quotas são inversas, com a obra nova a representar 75% dos fogos e a obra de reabilitação 25%.
Periferias em polvorosa
A menor dinâmica de Lisboa e Porto resultou na sua perda de liderança nas intenções de investimento, cedendo lugar a mercados limítrofes. Vila Nova de Gaia é neste trimestre o concelho com maior volume de fogos em carteira no país, somando cerca de 600 unidades distribuídas por 100 projetos. Segue-se Oeiras, com 500 fogos integrados em 40 projetos. A nivelar com Lisboa e Porto estão agora também os concelhos de Guimarães, Seixal e Maia, além de Braga e Faro, todos com pipelines na ordem dos 200 fogos.
Em termos nacionais, nos primeiros três meses de 2022 foram submetidos a licenciamento no país (Portugal Continental) um total de 4.200 novos projetos habitacionais num volume agregado de 9.300 fogos. Esta carteira traduz uma desaceleração na atividade de promoção imobiliária na ordem dos 20% quer em número de projetos quer em número de fogos face ao mesmo período do ano passado. Nesse 1º trimestre de 2021, o pipeline residencial somava 5.350 projetos e 11.600 fogos.
A construção nova é responsável por cerca de 90% dos fogos em pipeline no país no 1º trimestre do ano, gerando cerca de 8.200 unidades integradas em quase 3.700 projetos. A obra de reabilitação agrega os restantes 10%, somando pouco mais de 1.000 fogos distribuídos por 545 projetos.