2021 já lá foi, novos tempos virão. No mercado imobiliário comercial, o setor da hotelaria foi um dos mais afetados pela pandemia que interrompeu abruptamente a boa onda turística que se surfava um pouco por todo o Portugal mas, e ainda assim, o mercado resistiu: durante 2021 foram inauguradas 65 novas unidades e a partir deste ano e até 2024 estão mais 130 novos hotéis em ‘pipeline’ para chegar ao mercado.
O balanço foi feito pela Cushman&Wakefield (CW) que dá conta que o setor hoteleiro atingiu a terceira posição na captação de investimento imobiliário em 2021 com 270 milhões de euros, “em grande parte devido à aquisição dos Tivoli Marina Vilamoura e Tivoli Carvoeiro pela Azora à Minor International por €148 milhões”, refere-se no seu relatório. Acrescente-se que a primeira posição é ocupada pelo setor dos escritórios que absorveu cerca de 40% do capital aplicado no mercado de imobiliário comercial e a segunda, com 34%, pelos chamados ativos alternativos (como residências de estudantes ou ativos residenciais de investimento). As contas ainda não estão totalmente fechadas mas calcula-se que o mercado imobiliário comercial em 2021 feche em valores próximos dos €2.000 milhões, uma quebra de 30% face a 2020 (um ano excelente por influência de algumas transações de dimensão relevante).
Apesar do agravamento da crise pandémica no início de 2021, “o setor hoteleiro iniciou o seu processo de retoma no ano transato, com crescimento generalizado dos seus indicadores, com destaque para o maior peso da procura interna”, lembrou Eric van Leuvden, diretor-geral da CW, na apresentação dos resultados.
Em termos de oferta hoteleira, durante 2021 inauguraram 65 novas unidades com cerca de 4.500 quartos, perto de metade dos quais com classificação 4 estrelas. Entre estas, as maiores aberturas foram ainda assim de categoria 3 estrelas, nomeadamente o Ikonik Lisboa e o Moxy Lisboa Oriente, seguindo-se, com 5 estrelas, o Hilton Porto Gaia, projetos que já se encontravam em construção antes de pandemia.
“Quanto à oferta futura, a mesma tem vindo a ser revista em baixa, encontrando-se atualmente previstos cerca de 130 novos projetos e 11.200 quartos até 2024. Isto deve-se sobretudo à natureza de alguns dos projetos aprovados, cuja intenção passaria por vender os direitos de construção a outras entidades”, é realçado no relatório.
Ainda assim, “a recuperação turística observada nos meses de maior facilidade de circulação de pessoas demonstrou a grande disponibilidade dos turistas em continuar a viajar e consumir os serviços disponíveis na hotelaria” e essa realidade “reforçou a confiança dos investidores”, sublinhou Eric van Leuven.
Essa confiança refletiu-se na conclusão de algumas operações de relevo, destacando-se os negócios no Algarve dos Tivoli Marina e Tivoli Carvoeiro e do Vilalara. Já quase no final do ano fechou-se ainda a venda do Choupana Hills na Madeira, o cinco estrelas distinguido pela World Travel Awards e por mais do que uma ocasião considerado o melhor Boutique Resort da Europa e que teve a intervenção da CW.
À semelhança dos anos anteriores, o capital estrangeiro dominou a atividade global do mercado, agregando 70% do volume investido em imobiliário em 2021. A sua grande maioria teve origem na Europa, com destaque para os investidores franceses (€505 milhões) e espanhóis (€246 milhões). Por seu lado, o capital nacional cresceu em representatividade, atingindo um volume na ordem dos €550 milhões.