O setor imobiliário tem sido um dos mais resilientes a gerir a pandemia e também um dos mais surpreendentes. A casa já não é um simples dormitório e tornou-se multi-funcional, à medida da nova normalidade que a obriga a ser lar, escritório e espaço de lazer. Além disso, deslocalizou-se. E é esta tendência que se vai cimentar em 2022, agora que o teletrabalho é cada vez mais uma realidade instituída em muitas empresas, mesmo fora das restrições impostas em alturas de confinamento.
Para muitos trabalhadores a quem a empresa permite a deslocação ao escritório apenas uma ou duas vezes por semana, a opção de assegurar mais qualidade de vida numa habitação espaçosa e com zonas exteriores, numa localidade mais distante, passou a ser uma realidade. Paulo Caiado, presidente da Associação dos Profissionais e das Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal (APEMIP) estima, por isso, um crescimento da procura nas “periferias não urbanas”, lugares onde as pessoas possam comprar casas “que lhes permitam ter galinhas, uma horta ecológica, e onde as crianças podem ir à escola local e aproveitar os ótimos apoios sociais que existem nas localidades mais pequenas”.