A pandemia não esmoreceu o interesse dos estrangeiros por Portugal, bem pelo contrário. Com a vacinação anti-Covid a avançar a bom ritmo um pouco por todo o mundo e com as viagens a retomarem o ritmo normal, Lisboa renova, em força, o seu interesse junto dos investidores externos.
A mais recente novidade vem de uma start imobiliária espanhola e que dá por nome de Ukio, palavra japonesa que significa “viver no momento”.
Um dos apartamentos da Ukio em Espanha
Os irmãos Stanley e Jeremy Fourteau, ambos com experiência em hospitalidade e tecnologia, lançaram a empresa no ano passado e esta providencia uma ampla oferta de apartamentos, chave-na-mão, para quem queira arrendar um apartamento por um a 11 meses. No espaço de um ano, a dupla já angariou cerca de uma centena de casas no centro de Madrid e Barcelona e que estão com uma impressionante taxa de ocupação de 99% desde janeiro deste ano, altura em que a pandemia foi ficando mais controlada.
O objetivo da Ukio é ir ao encontro da vasta legião de nómadas digitais que cresceu exponencialmente com o trabalho remoto estimulado pelos confinamentos impostos pela pandemia.
Para expandir a empresa em toda a Europa, a dupla angariou mais de 9 milhões de dólares (7,7 milhões de euros) em financiamento inicial liderado pela Breega com participação da Heartcore e Partech e apoio adicional dos business angels Iñaki Berenguer, Fundador da Coverwallet, e Avi Meir, Fundador da Travelperk.
Jeremy e Stanley Fourteau, fundadores da Ukio
A nova ronda de financiamento irá fomentar os planos de expansão da empresa por toda a Europa, sendo Portugal o primeiro mercado fora de Espanha. A proptech espanhola investirá 2 milhões de dólares no país, lançando-se primeiro em Lisboa, onde a Ukio planeia formar uma equipa local de 15 pessoas até ao final do ano em diferentes departamentos – operações, design, distribuição e financiamento.
“Temos assistido a um aumento da procura em Portugal por este tipo de solução – um alojamento capaz de suportar uma estadia de médio a longo prazo e que parece que estamos em casa. Na prática o que fazemos é estabelecer contratos de arrendamento de casas que pertençam a pequenos ou grandes investidores, por períodos de sete a 10 anos. Depois pintamos, decoramos e transformamos o apartamento num espaço funcional e acolhedor pronto a arrendar para estas pessoas que querem trabalhar de forma remota”, expica Stanley Fourteau, CEO e Co-Fundador, realçando que em média, o investimento para transformar a casa para os parâmetros da Ukio varia entre os 8.000 e os 10.000 euros.
Um investimento que esperam recuperar rapidamente. “Lisboa é uma cidade fantástica, que se está tornar num hub tecnológico e económico e que atrai muita gente. É por isso que queremos estar aqui”, reforçou Stanley.
O primeiro ano de atividade veio demonstrar o sucesso do modelo de negócios com uma taxa de ocupação dos apartamentos logo acima dos 85%, conta Jeremy Fourteau, também co-fundador da Ukio. “E a partir deste ano, a procura disparou exponencialmente. A adoção do trabalho remoto é uma realidade que não vai mudar. Os estudos apontam para que depois da pandemia pelo menos um terço dos trabalhadores se mantenham a trabalhar à distância. E se antes da pandemia se falava apenas dos millennials, hoje já se apercebeu que isto abrange qualquer geração, pessoas que de um momento para o outro descobriram que podem ter mobilidade e trabalhar à distância ”, reforça Jeremy.
Ao poupar a parte da papelada confusa e da busca de apartamentos, a Ukio fornece casas já mobiladas para estadias mensais, apresentando uma experiência de utilizador totalmente digital desde a procura até ao check out.
Por enquanto a Ukio só tem três apartamentos na sua carteira de Lisboa mas o objetivo é crescer rapidamente entre os 130 e as 150 unidades até ao final deste ano.
Adiantando que a procura de apartamentos para integrar a plataforma Ukio tem vindo a ser feita em portais imobiliários como o Idealista, por exemplo, Stanley resume quais são os critérios necessários um imóvel ter potencial para integrar a carteira da empresa: “Queremos casas centrais, com muita luz natural e idealmente com dois quartos porque é importante que as pessoas que nos arrendam tenham um espaço de escritório”.
As rendas disponíveis em Lisboa para os utilizadores da Ukio rondarão a média praticada em Barcelona – cerca de 2.200 euros.
Apesar das fortes quebras no mercado de arrendamento, a Ukio tem estado sempre a crescer e até ao final de 2022, Stanley (ex-Airbnb) e Jeremy (ex-Headspace) estimam chegar aos 700 apartamentos em seis capitais europeias e desenvolver ainda mais a sua tecnologia end-to-end, bem como o seu sistema operacional interno para apoiar a sua expansão europeia.