Foi a maior obra a ser concluída no ano passado a nível nacional e a única até hoje a ser totalmente financiada por doadores privados e institucionais, razões mais do que suficientes para que o novo campus da Universidade Nova de Lisboa, implantado junto à praia em Carcavelos, tenha conseguido arrecadar o galardão do Melhor Empreendimento do Ano na 21ª edição dos Oscars do Imobiliário, o prémio mais antigo do sector e cuja cerimónia teve lugar ontem à noite no Hotel Vila Galé, em Cascais.
Mas aos 90.000 m2 de obra e aos 50 milhões arrecadados junto dos mecenas juntam-se outros pontos fortes que pesaram nesta eleição, que acumulou também o galardão de melhor Equipamento Colectivo. O novo campus da Nova School Business of Economics, com projeto da autoria de Vítor Carvalho Araújo e António Barreiros Ferreira criou um novo estilo em Portugal inspirado nos campus norte-americanos: aqui não faltam uma biblioteca, um auditório com 400 lugares, mais de 30 anfiteatros com capacidade para 80 alunos, uma incubadora de empresas, uma residência de estudantes com 120 quartos, ginásio, restaurantes, entre outros equipamentos. A colmatar a estrutura existe um túnel de acesso direto à praia de Carcavelos.
Para além do Campus da Nova, os prémios organizados pela revista Magazine Imobiliário, distinguiram ainda o Edifício FPM41, na categoria de Escritórios, a Sottomayor Residências, na categoria de Habitação, o Monumental Palace Hotel, na de Hotelaria, o Hotel Vila Galé Collection Braga, na Reabilitação Urbana e o Edifício Alferes Malheiro, na categoria de Eficiência Energética de Edifícios.
Assim, entre os nomeados da categoria de Escritórios estiveram o Edifício 818 (Ramalde), a Sede Cooperativa Vigent Group (Trofa) e a Urbo Business Center (Matosinhos), tendo sido o Edifício FPM41, do ateliê de arquitetos Barbas Lopes a arrecadar o galardão.
Localizado entre o Sheraton e a Maternidade Alfredo da Costa (MAC), junto a avenida Fontes Pereira de Melo, o projeto FPM 41 (iniciais da avenida e respetivo número da porta),conta com 17 pisos destinados a escritórios e três espaços de lojas e restauração no piso térreo). O edifício tem capacidade para acolher 2400 postos de trabalho e já está ocupado pela consultora KPMG e os advogados da PLMJ.
Nas traseiras do edifício nasceu um espaço público verde, uma extensão do atual jardim Augusto Monjardino frente à MAC, uma exigência da Câmara Municipal de Lisboa junto do promotor (o fundo FLIT — Fundo Lazer Imobiliário e Turismo, gerido pela ECS Capital). Esta área verde já se insere no programa da autarquia ‘Uma praça em cada bairro’.
Já na categoria de Habitação, com o maior número de nomeados (10), foi o Sottomayor Residências (Lisboa) que levou o galardão para casa com concorrência do Edifício Alferes Malheiro, no Porto, do Barcelos Residence (Barcelos), Belas Clube de Campo/Lisbon Green Valley (Belas, Sintra), Conde 35 (Lisboa), Cordoeiros 30 (Lisboa), Douradores 168 (Lisboa), Mouzinho da Silveira 21 (Lisboa), Ouro Grand (Lisboa) e Villa Nature (Vilamoura).
O empreendimento SottoMayor Residências desenvolvido pela Coporgest (Companhia Portuguesa de Gestão e Desenvolvimento Imobiliário SA) está localizado na Avenida Duque de Loulé e é composto por 97 apartamentos, três lojas (uma delas o Continente), jardins e piscina. O empreendimento já tinha recebido o Prémio de “Best Residencial Renovation/Redevelopment Portugal 2016-2017”, pelos European Property Awards Development.
Três dos quatro edifícios que constituem o SottoMayor Residências foram mandados construir em 1904, pelo banqueiro Cândido Sotto Mayor, sendo considerados um dos melhores projetos de rendimento e habitação em Lisboa. Adquirido em estado de ruína pela Coporgest, e recorrendo à mais moderna engenharia, o SottoMayor Residências foi objeto de uma obra de reconstrução e reabilitação total, alcançando uma área bruta de construção de 26.400 metros quadrados, num investimento de 60 milhões de euros.
Na categoria de Turismo o Monumental Palace Hotel (Porto) foi o vencedor. Os restantes nomeados foram A Brasileira – Porto Pestana Hotel, Azoris Angra Garden Hotel (Angra do Heroísmo, Terceira), Hotel Vila Galé Collection Braga e Hotel Vila Galé Sintra Conference & Revival.
O Monumental, recorde-se, é considerado um dos hotéis mais luxuosos do Porto e ganhou mediatismo no final do ano passado por ter sido vendido a meio milhão de euros por quarto. O Le Monumental Palace, em plena Avenida dos Aliados, foi comprado pelos franceses da Maison Albar ao empresário Mário Ferreira, da Douro Azul por quase 40 milhões de euros e passou por um processo de reabilitação de quase seis anos até ser inaugurado no ano passado.
Já o Hotel Vila Galé Collection Braga levou para o Minho o prémio de Reabilitação Urbana. Esta unidade do Vila Galé abriu portas no ano passado e resultou da reconversão do complexo do antigo hospital de São Marcos, um espaço datado de 1508 e que estava desocupado desde 2011. Classificado como imóvel de interesse público e pertencente à Santa Casa da Misericórdia de Braga, o edifício foi concessionado ao grupo Vila Galé para instalar o hotel e que ali investiu oito milhões de euros.
Os prémios do Imobiliário distinguiram ainda o Edifício Alferes Malheiro, num prémio com parceria com a ADENE – Agência para a Energia, pela Eficiência Energética de Edifícios, ao qual juntou ainda uma menção honrosa.
Os vencedores dos Oscars do Imobiliário foram decididos através de um painel de júri constituído por destacados especialistas de diversas áreas como Paulo Silva, CEO da Savills; Almeida Guerra, administrador da Rockbuilding; Eduardo Abreu, sócio da Neoturis; Juan Antequera, diretor-geral de Imobiliário do Vilamoura World; engenheiro Fernando Santo e os arquitetos João Paciência e Regino Cruz.