Os tempos são difíceis na Igreja Católica, mas o líder dos bispos portugueses, D. José Ornelas, assegura que não falta determinação de se levar a bom porto a tarefa de sinalizar abusos sexuais cometidos por sacerdotes e erradicar essa realidade do seio da instituição. Sendo investigado em dois casos, por alegado encobrimento, o bispo de Leiria-Fátima, que preside à Conferência Episcopal Portuguesa, garante estar de consciência tranquila e ter obtido do Papa um sinal de confiança. O sacerdote, de 68 anos, considera que devem refrear-se comentários mais extremistas nestes momentos e afirma-se “profundamente triste” com o caso de D. Ximenes Belo. Entrevista com aquele que muitos católicos veem como futuro cardeal, numa altura em que a Igreja portuguesa se encontra no olho do furacão.
Pensou na resignação, tendo em conta a polémica em torno da Igreja e os casos que vieram a público, em que há suspeitas de ter relativizado denúncias?
Não pensei na resignação, porque me sinto bem para concluir um trabalho importante. E, por outro lado, é preciso ver que casos estão em causa – ainda não fui contactado pelo Ministério Público (MP), e o que tenho sabido é pela comunicação social, à qual tenho respondido abertamente. Este é o momento da Justiça, a quem cabe investigar. A resignação não está minimamente em causa. Fui eleito presidente da Conferência Episcopal, estou a desenvolver essa missão e não vou demitir-me dela por fatores que não acho que sejam razões.