A edição de 2024 da Web Summit Lisboa também foi palco para novidades no setor automóvel. No centro das atenções estiveram a Mercedes-Benz e a Microsoft que, em parceria, ambicionam redefinir o conceito de veículo conectado e inteligente. O principal objetivo é que os automóveis se adaptem aos utilizadores em tempo real e que se transformem continuamente através de atualizações de software. Magnus Östberg, diretor de software da Mercedes-Benz, e Dominik Wee, Vice-Presidente Corporativo de Engenharia da Microsoft, destacaram as inovações impulsionadas pela Inteligência Artificial (IA) e o papel crucial que o software tem e irá continuar a ter para o futuro da indústria automóvel.
Veículos definidos por software
Magnus Östberg abriu a conversa no painel Accelerating automotive transformation with GenAI, que a Exame Informática esteve a acompanhar, apontando que a Mercedes-Benz já não olha para os automóveis como apenas simples máquinas, mas sim como verdadeiras plataformas de software. Em vez de se focar apenas no desenvolvimento de hardware, a marca alemã está a apostar agora num “sistema de gestão de estilo de vida”, projetado para transformar a experiência dos condutores e adaptar-se continuamente às necessidades dos mesmos.
O conceito de “veículo definido por software” significa que os carros da Mercedes-Benz não evoluem apenas mecanicamente, mas também virtualmente, através de atualizações automáticas de software que chegam até aos consumidores com a rapidez de um simples clique. “Agora, os nossos veículos podem receber atualizações num curto período de tempo, disponibilizando uma experiência renovada sempre que o cliente quiser”, afirma o executivo alemão. Através desta tecnologia, os utilizadores poderão descarregar funcionalidades novas em qualquer momento, independentemente de onde estejam, e a Mercedes poderá adaptar-se ao feedback dos consumidores em tempo real, criando uma relação de proximidade entre marca e cliente.
Inteligência Artifical ao volante
Já Dominik Wee destacou a importância da IA na criação de experiências personalizadas e na segurança dos condutores enquanto conduzem. Um exemplo é o uso de sistemas de linguagem natural, que permitem ao condutor interagir com o automóvel de uma forma simples e intuitiva, usando comandos de voz, sem necessitar de botões ou de um ecrã tátil para executar operações. “Queremos transformar a experiência do condutor para que este possa falar com o carro da mesma forma que falaria com uma pessoa”, explica o responsável.
Além disso, a Microsoft está a integrar a IA nos sistemas de assistência avançada e de condução autónoma da Mercedes. Isto significa que, no futuro, os carros poderão antecipar e reagir a situações de risco com maior precisão, como prever que uma criança possa correr para a estrada ao observar uma bola. Esta visão é possível graças aos modelos de linguagem que estão a ser desenvolvidos para compreender o ambiente em redor do automóvel com uma sensibilidade similar à humana.
Projetar o carro do futuro não é a única ambição da Mercedes-Benz e Microsoft. Aliás, como afirmam, a sua visão para o futuro vai além da condução autónoma ou de funcionalidades inovadoras. Trata-se de uma revolução centrada na experiência do utilizador, na personalização contínua e na capacidade de adaptação, através de um sistema de atualizações constante que mantém cada veículo na melhor versão, mesmo com o passar dos anos.
Automatização: A parceria entre IA e humanos no futuro do trabalho
Com o ritmo acelerado da transformação digital, a Mercedes e a Microsoft querem também a redefinir a forma como o trabalho é realizado em ambas as empresas. Os executivos alemães destacaram a importância da automatização de processos rotineiros e repetitivos, permitindo que os colaboradores se concentrem em tarefas que exigem uma intervenção mais criativa. “A IA não veio para substituir os humanos, mas para trabalhar em parceria com eles, melhorando a produtividade e reduzindo o esforço em tarefas repetitivas”, realça Dominic Wee.
O objetivo é claro: tornar o trabalho mais produtivo, automatizando processos como a monitorização de qualidade e o desenvolvimento de software. Esta abordagem não se limita apenas aos produtos finais, mas expande-se a todas as áreas da empresa, criando um ecossistema onde a tecnologia trabalha em sintonia com os profissionais.