Gonçalo Cabrita teve o primeiro contacto com a agricultura hidropónica ainda em pequeno, quando o pai e o padrinho tentaram conhecer os caprichos das orquídeas. Já adulto e com o doutoramento em robótica, o jovem de Coimbra decidiu retomar os conhecimentos da produção de vegetais e frutos que usam apenas água e nutrientes e dispensam vaso ou terra. Desta vez, a aposta na hidroponia assumiu contornos empresariais: lançar a startup Coolfarm com ajuda do amigo João Igor e ainda de Liliana Marques e Eduardo Esteves.
Com a Coolfarm, os quatro jovens de Coimbra querem seguir as modas e disseminar o gosto pela hidroponia – e pela agricultura que pode ser controlada remotamente através de computadores, tablets ou telemóveis. «Se o sistema for usado na rua, ficamos dependentes das condições atmosféricas e dos elementos. Mas se for usado dentro de um armário, podemos ter quatro ou cinco produções agrícolas por ano, em vez de apenas uma única», refere Gonçalo Cabrita.
Coolfarm tem tudo para ser considerada uma box (as semelhanças com as boxes de TV são notórias) que converte instruções enviadas remotamente, através da Internet, em comandos que podem ser executados por exaustores, bombas de rega ou lâmpadas de luz. Esta mesma box está apta a processar e a encaminhar para o agricultor os dados recolhidos por sensores de humidade, PH, temperatura, nutrientes ou luminosidade. O que significa que, em poucos cliques, um agricultor 2.0 pode intervir e tomar as decisões mai adequadas ao crescimento de plantas e frutos.
«Este sistema tanto dá para controlar um pé de tomateiro como dois hectares de alfaces. O importante é o circuito de água que é controlado, sendo que cada Coolfarm está apto a gerir dois circuitos de água», acrescenta o responsável técnico da startup criada em Coimbra, que atualmente está a desenvolver o negócio no espaço Lisbon Challenge, que é gerido pela Beta-i.
Os quatro mentores do Coolfarm admitem que a solução poderia ter potencial no segmento das estufas profissionais, mas recordam que o foco do negócio está no segmento urbano e nas novas tendências de consumo. «É um mercado grande. Um sexto das famílias de Lisboa tem uma horta; em Nova Iorque é uma moda em expansão, porque as pessoas valorizam cada vez mais a comida saudável», sublinha Gonçalo Cabrita.
O jovem investigador acredita que, dentro de um ano, já haverá dispositivos da Coolfarm à venda nas lojas especializadas em agricultura hidropónica. O preço é ainda uma incógnita: «Ainda estamos em negociações com fornecedores de tecnologias», refere.
No vídeo que se encontra nesta página pode ver como funciona o Coolfarm – em pouco mais de um minuto.