A primeira coisa que nos chamou a atenção em Mortal Kombat 1 foram os 114,5 GB necessários para a instalação na PS5! Já nos custa ceder tanto espaço de armazenamento para um jogo que é um mundo aberto e para um título de luta até nos partiu um bocadinho do coração.
Por outro lado, o nosso coração refez-se quando vimos a skin Jean-Claude Van Damme para a personagem Johnny Cage (presente apenas na Premium Edition). É que o filme Bloodsport marcou-nos a infância e poder jogar com aquele ‘look’ à Frank Dux no Kumite deu-nos um friozinho na barriga…
Para terminar esta tríade introdutória de curiosidades, fomos brindados com um português do Brasil tanto nos diálogos como nos menus logo na primeira vez que ligámos o jogo. Fomos às definições e não encontrámos a opção para voltar o áudio à versão original. “Não pode ser”, pensámos perante uma panóplia de opções de acessibilidade à disposição. Voltámos a procurar e nada.
Lá fomos investigar mais fundo para descobrir que o jogo corre por predefinição na linguagem em que o sistema da consola está e não se pode alterar no jogo (pelo menos, até à altura em que escrevemos estas linhas). Inadmissível! Que falha básica e altamente penalizadora. É que o modo História falado em português do Brasil fez-nos perder mesmo o interesse. Portanto, sim, lá fomos às opções da PlayStation mudar a linguagem do sistema para inglês.
Mãozinha amiga
Entremos então no jogo propriamente dito. Sem se assumir como uma sequela de Mortal Kimbat 11, este novo capítulo da franquia pretende ser um novo começo, já que na narrativa com uma nova linha temporal o universo criado pelo Deus do Fogo Liu Kang traz-nos personagens redesenhados. Confessamos que não foi um redesenho que nos cativasse particularmente, mas cedemos que é um ponto mais subjetivo. Pareceu-nos uma aposta numa estética mais leve e afastada do gore das ‘fatalities’ de MK X. Aqui, com algumas exceções (como as de Reiko, por exemplo), não se atinge um patamar tão violento como já vimos no passado. Embora, claro, não falte sangue. Muito sangue.
À disposição estão 23 personagens e não faltam clássicos como Scorpion, Sub-Zero, Raiden, Kung Lao, Kitana, Johnny Cage, Smoke, Tanya, Baraka ou Geras. A nível de jogabilidade, uma das novidades é o sistema Kameo Fighter, que fornece uma lista separada de personagens de apoio para ajudar durante os combates. Basta carregar em R1 durante as lutas para contarmos com a assistência de um segundo lutador retirado dos mais de 30 anos de história de Mortal Kombat.
Assim, nos Kameo é possível escolher um de 15 personagens e não faltam nomes como Jax, Sonya, Kano ou Stryker, sendo que cada um deles tem, no mínimo, três movimentos assistidos diferentes – acaba por ser uma forma de gestão interessante para se poder complementar possíveis lacunas de um lutador com as mais-valias de outro. Falando globalmente, destaque-se ainda a opção por uma única barra para gerir aspetos como movimentos especiais e contra-ataques.
O modo História continua a estar disponível, mas gostávamos de ter visto uma maior evolução. É que, no fundo, estamos a assistir a longas cenas de narrativa cinematográfica e depois apenas participamos nas lutas. A premissa do enredo também não é propriamente inovadora: acompanha o percurso de Liu Kang no recrutamento de campeões para participar no tradicional torneio de artes marciais. No total, há 15 capítulos, divididos por 4 atos, para explorar as diferentes personagens do universo Mortal Kombat.
Quem jogar sozinho pode ainda desfrutar do modo Invasions, uma espécie de RPG que é baseado na progressão em que os jogadores podem atravessar os reinos através de um mapa interativo, experimentar diferentes tipos de personagens e completar desafios para ganhar uma variedade de recompensas – tudo isto com base num calendário sazonal temático de seis semanas.
O tutorial merece elogios pela forma prática e detalhada como está desenvolvido. Este não é um jogo do estilo ‘esmaga botões’, pelo que é muito útil dominar os parâmetros gerais da luta e as habilidades e ‘fatalities’ específicas de cada personagem. E saber defender e contra-atacar faz a diferença entre ganhar e perder.
Em suma, Mortal Kombat 1 pretende trazer uma lufada de ar fresco à clássica franquia de ‘porrada’ em 2D, mas chega ao mercado numa altura em que Street Fighter 6 está em grande forma.
Tome Nota
Mortal Kombat 1 – €74,99
Global: 3,8
Plataformas PS5 (testado), Xbox Series X/S. Switch, PC