Têm sido umas semanas agitadas para o líder da Tesla, X e Space X. O ano não começou bem para o empreendedor quando se soube que a Tesla estava a vender abaixo das expectativas. Imediatamente, as ações da empresa começaram a descer, passando dos mais de 260 dólares, que cada ação do fabricante norte-americano valia no final do ano passado, para os menos de 150 dólares a que cada ação foi transacionada nesta sexta-feira.
Nem o anúncio do robotaxi, que até conseguiu estancar a tendência de descida das ações durante alguns dias, parece estar a convencer os especialistas. Cada vez há menos gente a acreditar em Musk quando grita “Carro autónomo”, como explica o artigo da Futurism. Muitos recordam-se que Elon Musk anda a prometer carros autónomos desde 2015 e até chegou a anunciar que teríamos um milhão de robotaxis a circular em 2020. Mas os condutores de Tesla continuam a esperar pela prometida atualização de software que lhes iria permitir obter rendimentos dos carros, em modo de táxi autónomo, quando não os estivessem a usar. Teremos de esperar menos, só até 8 de agosto, data prometida para a revelação do robotaxi, para percebermos se, como na história de Pedro e o Lobo, o tal carro autónomo vai acabar por aparecer quando já ninguém acreditar em Musk – é difícil encontrar um especialista que acredite que a equipa de IA da Tesla consiga, nos próximos anos, resolver o problema extremamente complexo que é criar um sistema com nível 4 e 5 de autonomia.
Mas as consequências do desempenho abaixo das expectativas da Tesla continuam a surgir. Esta semana ficamos a saber que a Tesla está a despedir mais de 14 mil pessoas. E que algumas só souberam que tinham sido despedidas quando tentaram regressar ao trabalho e descobriram que já não tinham acesso às instalações.
Uma das saídas, por vontade própria ou de Musk, foi a de Rohan Patel, o vice-presidente da Tesla para as políticas públicas e desenvolvimento de negócio. Um responsável que até teve um momento de alguma fama em Portugal quando acusou, em Português, o sistema público gerido pela MOBI.E de monopolista através, claro, do X. No mesmo post, Rohan Patel anunciou que estava entusiasmado para “trabalhar em conjunto com o próximo governo Português para podermos começar a construir novamente estações Supercharger, para benefício de todos os condutores de veículos elétricos em Portugal”. Já não será assim.
É provável que o lançamento da nova variante do Model Y, com mais autonomia e menor custo que a versão Long Range que já existia, também esteja relacionada com a quebra de vendas da Tesla. Uma coisa é certa, quem ganha são os clientes, que têm neste carro mais uma boa proposta para quem procura um SUV familiar elétrico de grande autonomia.
Se a Tesla ficou abaixo das expectativas, a situação do X, uma das outras grandes empresas controladas por Elon Musk, é bem pior. As receitas continuam a ser insuficientes para manter o ex-Twitter a funcionar e Musk quer passar a cobrar uma taxa aos novos utilizadores do X que queiram publicar ou interagir com outros utilizadores nesta rede social. Seguir outros utilizadores continuará a ser gratuito.
Uma coisa é certa. Musk continua, por boas ou más razões, a marcar a atualidade.