Se há alguns anos poderíamos associar a necessidade de competências tecnológicas principalmente a empresas especializadas em TI, a verdade é que, hoje, as funções ligadas a tecnologia e, em especial, à gestão de dados, aplicações e sistemas têm-se revelado cada vez mais um elemento fundamental para o desenvolvimento da atividade de qualquer empresa. Neste sentido, o talento tecnológico encontra-se, atualmente, no topo das necessidades de organizações de diferentes setores e dimensões.
De entre essas necessidades, o estudo Experis Tech Talent Outlook destaca a procura por profissionais para a área de Cibersegurança, com mais de uma em cada três empresas nacionais a identificarem a falta destas competências nas suas equipas. Esta é uma realidade potenciada pelo aumento do número de ataques informáticos – que subiu 14% só no ano passado, segundo dados do Centro Nacional de Cibersegurança – e que eleva a urgência das empresas em investirem na segurança dos seus sistemas.
Em simultâneo, outros perfis de TI sobressaem nas prioridades de contratação dos empregadores portugueses, motivados pelos esforços de modernização de modelos de negócio, de garantir uma maior proximidade com o cliente e de conseguir um melhor uso dos dados. É o caso das áreas de Suporte Técnico e de Gestão de Bases de Dados, referidas por mais de 30% das empresas, bem como a área de Desenvolvimento de Aplicações e o ramo da Experiência do Cliente e do Utilizador, identificados por mais de uma em cada quatro organizações. Os profissionais com competências nestes domínios estão no topo das prioridades de contratação das empresas nacionais, espelhando assim o impacto dos contínuos desenvolvimentos tecnológicos, que obrigam a uma adaptação das suas estratégias de talento.
Analisando o outro lado da balança, vemos, porém, que esta procura crescente por profissionais especializados se depara hoje com um importante desafio: a atual escassez de talento tecnológico. Efetivamente, existe um acentuado desencontro entre a necessidade de competências de TI e a oferta de talento disponível no mercado de trabalho, sendo cada vez maior a pressão da procura sobre a oferta existente, não só em Portugal, mas também a nível global. Levanta-se, por isso, a necessidade de as empresas adotarem novas abordagens no acesso, atração e fidelização do talento tecnológico.
No topo das estratégias das empresas que se assumem como soluções para a atual escassez de competências tecnológicas, surge a capacitação de talento, mediante iniciativas de reskill e upskill. Outras iniciativas prendem-se com o recrutamento de
novos colaboradores com as competências em falta, bem como a contratação de profissionais freelancers e externos, que reforcem as capacidades da equipa interna das organizações
Dar resposta às necessidades do mercado tem-se revelado um desafio acentuado para as empresas, tornando ainda mais necessário refletir sobre as soluções que valorizem o seu talento interno. Assim, é positivo ver como cada vez mais empresas estão a ‘reconstruir’ e a ‘reaproveitar’ o seu talento, para conseguir preencher as novas funções que estão a surgir. Esta solução permite às organizações desenvolver as tão desejadas competências em falta, abrindo espaço para que os profissionais evoluam e se desenvolvam, adaptando-se às novas necessidades do mercado.
Quando a procura por talento IT especializado atinge níveis máximos e o mercado de trabalho se torna cada vez mais global, as organizações devem adotar uma nova abordagem para as suas estratégias de atração e fidelização de profissionais. Nunca como nos nossos dias a criatividade e a inovação foram tão essenciais para responde aos atuais desafios do recrutamento tecnológico. Investir apenas na atração de novos profissionais já não é solução, e as empresas devem apostar na capacitação dos seus profissionais, como forma de construírem o talento de que necessitam, ao mesmo tempo que garantem impacto positivo para a sociedade como um todo.