Em 2020 o setor da educação viu uma mudança inédita e abrupta. A passagem para a educação remota a nível mundial, desafiou décadas de sabedoria convencional, o que requereu alterações à maneira como ensinar e aprender era feito. Os pais tiveram de acompanhar as aulas dos filhos enquanto estiveram em teletrabalho, os estudantes assistiram às suas cadeiras via Zoom ou Microsoft Teams e as escolas e universidades tiveram de agir de forma célere, para se certificar que os alunos não perdiam matéria devido ao confinamento imposto pelo Covid-19.
Agora, após o impacto inicial é claro que a pandemia foi um catalisador para a Tecnologia Educativa. Existe mesmo uma probabilidade de que a maioria dos jovens nascidos após a Geração Z (final dos anos 90) ficaram entusiasmados com a possibilidade de ser ensinados recorrendo a todos os benefícios que a tecnologia tem para oferecer.
Mesmo antes da pandemia já tinham sido feitos progressos tremendos neste campo. Sites educativos como o Coursera são atualmente mainstream e as formações online continuam a ganhar precedência sobre as formações presenciais. Adicionalmente, a mudança nos locais de trabalho acontece a velocidades alucinantes e, se até há pouco tempo bastava ter um curso universitário para entrar na vida profissional, isto já não é o caso na maioria das indústrias. Cada vez mais os colaboradores são encorajados a fazer cursos que antes não existiam, como o marketing digital.
Mas existem avanços tecnológicos mais recentes que são considerados um tremendo impulso para a tecnologia educativa. Existem por isso algumas tecnologias que estão a mudar profundamente o paradigma da educação e que o continuarão a fazer, num mundo pós-pandémico.
A Inteligência Artificial e o Machine Learning por exemplo, possibilitam ao utilizador uma experiência de aprendizagem mais profunda. Em ambientes de ritmo acelerado, ferramentas baseadas em Inteligência Artificial permitem aos alunos ter acesso a ajuda personalizada – valorizando as suas competências e auxiliando nas suas dificuldades. É, portanto, esperado que a IA traga uma grande reforma nos padrões de aprendizagem, permitindo mais tempo para os professores se focarem nas suas tarefas principais e assistindo as escolas a dar tratamento mais personalizado a cada aluno. Crianças com dificuldades de aprendizagem, como por exemplo a dislexia, podem servir-se destas para colmatar a sua dificuldade. Existem mesmo aparelhos baseados em IA com este propósito.
Já o 5G é visto como a tecnologia disruptiva da década, com grandes expectativas no campo da educação. A próxima geração de comunicação expandirá as capacidades do ensino à distância, realidade virtual e robótica, tornando ainda a aprendizagem mais imersiva, os downloads mais rápidos e um menor período de latência melhorada fomentará a assimilação, permitindo até que a educação virtual chegue a áreas remotas, em que, até agora, tinham acesso limitado devido a baixa conectividade.
O IoT pode tornar a educação mais acessível em termos de geografia, habilidade e status. As aplicações baseadas em IoT podem dar acesso mais fácil às aulas, atividades e trabalhos, em qualquer lugar, a qualquer hora e em qualquer dispositivo. Poderá também juntar professores e alunos numa plataforma comum, ajudando-os a colaborar de qualquer parte do mundo. Utilizando plataformas conectadas pela cloud, os professores podem otimizar o trabalho escolar, melhorar a eficiência do processo de aprendizagem e assegurar a segurança dos alunos.
Todas estas tecnologias têm o potencial de tornar o ensino mais simples e adequado a todo o tipo de alunos. As reformas no sistema educativo foram impulsionadas pela necessidade, mas podem e devem agora ficar e ser exploradas por engenho, se queremos que o mesmo seja future-proof. Para isso é preciso tornar esta modernização uma prioridade. É possível tornar a educação um sistema que engloba todos os alunos e suas especificidades sem colocar maior pressão sob o corpo docente. Mas para isso é necessário investir – tanto nos alunos como na tecnologia.
E apesar de a transição inicial ter tido algumas complicações, será um processo com imensos benefícios, a longo prazo. Visitar uma aula em Harvard a partir do nosso apartamento no Porto é um feito há uns anos inimaginável. Mas a magia nesta revolução educacional passa por garantir que a educação é expandida ao maior número de pessoas, sejam quais forem as suas barreiras (financeiras, de aprendizagem, físicas etc.). Apenas assim a sociedade beneficiará verdadeiramente da tecnologia para a educação.