A Lenovo acredita que o futuro da Inteligência Artificial será híbrido – passará pela combinação de algumas ferramentas pessoais, outras de perfil mais empresarial e também dos chamados assistentes públicos (como o ChatGPT). A tecnológica chinesa quer garantir que, pelo menos na perspetiva pessoal, conseguirá ocupar um espaço importante na vida dos utilizadores. Para isso, a Lenovo anunciou o AI Now, um assistente digital que passará a estar nos computadores da marca. Sim, é como uma espécie de ChatGPT integrado diretamente no computador – o utilizador escreve comandos de texto e o assistente executa a ação pedida –, mas que na sua base acaba por ser significativamente diferente.
Para começar, o Lenovo AI Now usa o grande modelo de linguagem da Meta (dona do Facebook), o Llama 3.1, para fazer o processamento da informação. Depois, todos os dados são processados diretamente no portátil, com a Lenovo a garantir que nenhuma informação é enviada do computador para um servidor central. E o sistema tira ainda partido dos diferentes processadores que equipam o dispositivo (processador central, processador gráfico e processador neural) para cumprir as diferentes tarefas que o utilizador lhe vai pedindo de forma mais rápida, mas garantindo também uma maior eficiência energética, o que se traduzirá em autonomias mais prolongadas.
“Acreditamos que a Inteligência Artificial não é uma tendência, nem uma bolha que está a crescer. É uma tecnologia que vai permitir maior produtividade para os utilizadores, as empresas e criar um planeta mais sustentável”, sublinhou Yuanqing Yang, diretor executivo (CEO) da Lenovo, durante a apresentação desta nova tecnologia no evento Tech World, organizado pela empresa em Seattle, nos EUA, e que a Exame Informática está a acompanhar. “Este é o primeiro passo para atingir uma IA pessoal”, acrescentou o líder da gigante asiática.
O AI Now é capaz, por exemplo, de interagir diretamente com as funcionalidades do computador. Se o utilizador escrever “sinto os olhos cansados”, o assistente vai colocar um atalho para as funcionalidades de ecrã que permite baixar a luminosidade ou reduzir a quantidade de luz azul emitida. Mas também será capaz de interagir diretamente com ficheiros que existem no computador, algo que o ChatGPT e o próprio Copilot da Microsoft ainda não fazem.
Para isso, o AI Now tem uma funcionalidade chamada Knowledge Graph. Na prática, funciona como uma pasta específica para tarefas de Inteligência Artificial. O utilizador pode, por exemplo, acrescentar documentos a esta pasta e depois pedir ao assistente para fazer um resumo de informações específicas ou pedir para gerar conteúdos com base naquela informação.
Mas a Lenovo tem uma visão mais ambiciosa no que diz respeito à integração da IA nos dispositivos pessoais. A marca defende mesmo que, no futuro, os utilizadores terão um “gémeo digital” no computador ou smartphone, um assistente digital que saberá as suas preferências e terá acesso aos ficheiros e conteúdos do seu dia a dia, que funcionará quase como uma replica de cada pessoa, mas integrado diretamente nos equipamentos que usamos.
Por agora, o AI Now da Lenovo só está disponível em inglês, não havendo informação de quando será compatível com outros idiomas.
Novos portáteis ‘Intel inside’
“Somos a empresa número um de computadores pessoais no mundo, mas para a Lenovo estar no topo não é suficiente. Vamos definir novos padrões globais sobre o que os dispositivos com IA podem fazer”, reforçou Luca Rossi, responsável máximo pela divisão de dispositivos inteligentes da tecnológica chinesa, também durante a apresentação à imprensa.
Para isso, a Lenovo anunciou uma nova linha de computadores, apelidada de Aura Edition. São computadores que além de integrarem o novo assistente AI Now, têm um novo chip da Intel e outras funcionalidades de Inteligência Artificial.
A ‘estrela’ desta nova família de máquinas é o Lenovo ThinkPad X1 dois-em-um Aura Edition. Está equipado com o processador Intel Core Ultra 200V, pode ser configurado com um máximo de 32 GB de memória RAM e até 2 TB de armazenamento em SSD. Feito em liga de alumínio, está disponível em versões com ecrã LED ou OLED de 14 polegadas e 120 Hz de taxa de atualização máxima, mas acaba por ser no software que mais se destaca.
“Entrega a conveniência de ter um portátil e um tablet num único dispositivo. Representa mais de 10 mil horas de teste com os nossos utilizadores”, anunciou Luca Rossi a propósito deste modelo que, segundo o executivo, será capaz de entregar 18 horas de autonomia. “Estes dispositivos vão parecer menos ferramentas, e mais extensões úteis”, acrescentou o responsável.
Este portátil, que chegará ao mercado no início de 2025, e que ainda não tem um preço anunciado, virá ainda integrado com outras ferramentas de IA.
Uma delas é a Lenovo Learning Zone. Esta é uma ferramenta criada para ajudar os estudantes (e não só) no acompanhamento das aulas e preparação de exames. A aplicação tem um sistema de tradução de texto para voz para, por exemplo, os alunos terem uma transcrição das aulas a que assistem. Este sistema é depois capaz de fazer resumos da matéria que foi dada e gerar questionários que colocam à prova os conhecimentos do utilizador.
Por fim, os computadores Aura Edition terão ainda outras funções, como os Modos Inteligentes, que permitem alterar o perfil de utilização do computador mediante a tarefas que está a fazer (seja uma mais colaborativa ou outra mais focada em privacidade) e a Partilha Inteligente, um sistema que torna a gestão de fotografias entre o smartphone e o PC mais unificada.
Além do novo ThinkPad X1 dois-em-um, foram anunciados mais dois portáteis Aura Edition: o Lenovo Yoga Slim 7i e o Lenovo ThinkPad Carbon Gen13.