Na Edisoft, as atenções estão focadas na base de lançamentos de Kourou: no dia 18 de junho, descola do centro espacial da Guiana Francesa mais um satélite da constelação eSail rumo a uma órbita a 500 quilómetros de distância da Terra. O novo membro da constelação deverá estrear em breve o primeiro software produzido pela Edisoft, que permite controlar um satélite, remotamente, a partir de Terra.
“A expectativa é continuar a disponibilizar este software de testes aos satélites produzidos pela LuxSpace e também para os todos os pequenos satélites que a ESA venha a produzir”, informa Hélder Silva, diretor da Área de Software Espacial e Sistemas Embebidos da Edisoft, recordando que a tecnologia criada pela Edisoft também pode ser adaptada a satélites de maiores dimensões se for necessário.
O satélite, que foi construído pela LuxSpace para a Agência Espacial Europeia (ESA), deverá juntar-se a uma constelação que hoje conta com 60 dispositivos em órbita a mais de 500 quilómetros de distância da Terra, com o propósito de fornecer dados de localização a diferentes embarcações (AIS) nos vários oceanos.
Inicialmente, o uso do RTEMS by Edisoft estava confinado aos testes feitos ainda na fase de construção e montagem que confirmam que os diferentes componentes de um satélite estão devidamente instalados e prontos a funcionar com um mínimo de falhas.
“Foi uma surpresa porque era suposto criarmos uma solução para ser usada apenas durante os testes, mas a ESA acabou por nos pedir que fizéssemos também a solução para uso durante as operações do satélite”, recorda Hélder Silva.
RTEMS by Edisoft foi desenvolvido em Java sobre um ambiente misto que combina Windows e Linux. O sistema, que tem certificação para participação em missões espaciais, vai ser instalado nos computadores de uma base terrestre em Svalbard, Noruega, precisamente para permitir executar diferentes manobras e funcionalidades, a partir de comandos ativados a partir de Terra. A ESA e a LuxSpace são as responsáveis pelo fabrico do satélite, mas o serviço de localização da constelação eSeal é providenciado pela empresa canadiana exactEarh.
Ainda antes do convite para uso deste software durante a fase em que o satélite, já em órbita, se mantém operacional, este sistema havia valido uma primeira “vitória” à Edisoft. “É um sistema muito grande, que tem de controlar muitos dispositivos, sendo que a ESA já fez saber que pretende usar o nosso software como referência para os testes com pequenos satélites”, refere Hélder Silva.
O responsável da Edisoft lembra que um simples software que testa os diferentes componentes de um satélite pode ter um custo avultado – e poderá afastar agências e empresas menos endinheiradas que apenas pretendem enviar para o espaço pequenos satélites, que são usados durante um período limitado.
No que toca às operações durante a missão espacial do novo satélite eSail, Hélder Silva admite que a fasquia de exigência é maior: “Tivemos de criar vários protótipos nestes últimos três anos. Se um software falha durante um serviço convencional, pomos tudo a correr outra vez, mas no Espaço não é possível pôr o software a correr tudo de novo, outra vez. Se houver uma falha no sistema, pode perder-se a missão”, conclui Hélder Silva.
NOTA: este texto foi emendado, depois de confirmado que outras empresas portuguesas já produziram software que permite o controlo de satélites a partir de Terra.