É gratuita, não tem limite de partilha de ficheiros, é descentralizada e open source. É esta combinação de características que levou a Bloco, de Coimbra, a lançar a Envelop para disputar um lugar no segmento de ferramentas de armazenamento e partilha de ficheiros, que atualmente tem como principais referências o Google Drive ou o WeTransfer.
«Queríamos criar uma uma ferramenta que usamos diariamente e que permitisse fazer o carregamento rápido de um ficheiro e partilhar com outra pessoa, seja uma imagem, um documento ou um vídeo. É algo que fazemos com frequência e queríamos criar uma pequena ferramenta para isso», conta Sérgio Santos, fundador do estúdio Bloco, em entrevista à Exame Informática.
O interface é fácil de assimilar – há um botão que permite carregar os ficheiros e outro que cria um link de partilha. A simplicidade da Envelop tem ainda outra razão de ser: acaba por funcionar como terreno de teste para a Bloco na área das aplicações descentralizadas, também conhecidas como dapps.
«São as aplicações que não dependem apenas de um servidor de uma empresa para estarem a funcionar ou que toda a nossa confiança tem que estar depositada nessa fonte de segurança», explica.
No caso da Envelop, os utilizadores têm o “poder” de escolher onde é que os seus ficheiros são alojados. Pode ser no próprio Envelop e gozar da partilha de ficheiros sem limites de tamanho ou pode definir um ambiente próprio – como um de unidades de armazenamento local (vulgo NAS) ou uma conta no serviço de cloud da Amazon – em que é o utilizador a controlar tudo.
Se enveredar pela opção predefinida, o alojamento dos ficheiros é assegurado pela Blockstack, empresa responsável pela plataforma sobre a qual a Envelop foi desenvolvida e que também é a base de outras dapps. Daí que o armazenamento seja gratuito: o objetivo é estimular os utilizadores a experimentarem o potencial da descentralização em plataformas digitais.
«No WeTransfer, quando fazemos upload, na verdade não sabemos para onde é que vai o ficheiro que acabou de ser partilhado, onde é que é guardado, por onde é que passou», exemplifica Sérgio Santos. «A questão é que agora em muitos serviços de Internet nem sequer é uma opção ter acesso a essa informação, saber onde é que estão a ser guardados», acrescentou logo de seguida.
O fundador da Bloco define como público-alvo para esta aplicação todos aqueles que nas atividades profissionais têm uma grande necessidade de troca de ficheiros – como quem trabalha nas áreas multimédia – e também todos os que procuram maior privacidade.
Segundo Sérgio Santos, a Envelop não tem rastreadores nem ferramentas de analítica associadas. «Acho que o tipo de pessoas que estão preocupadas onde é que os ficheiros estão a ser alojados, também estão preocupados com as informações deles que estão a ser recolhidas. Às vezes há certas aplicações, especialmente aplicações gratuitas, em que se não estou a pagar por algo, então sou eu o produto, em que de alguma forma são os dados de utilização que são monetizados».
Sérgio Santos diz que o modelo de monetização da ferramenta ainda não está definido, mas pode passar por dar acesso a funcionalidades exclusivas a utilizadores “premium” ou por ficar com uma percentagem de venda de acessos de conteúdos que são vendidos através do alojamento na plataforma.
O objetivo prioritário da Bloco para a aplicação Envelop, que está disponível em versão web e Android, é conseguir reunir o maior número de utilizadores possível. Com apenas alguns dias de mercado, a app conquistou 300 utilizadores – a única métrica que a Bloco consegue saber –, muito graças à exposição que teve no site Product Hunt, um dos mais conhecidos para descoberta de novos produtos tecnológicos.