
SARAH DERAGON
Alex Mackenzie Torres, diretor de marketing da Moovit, passou por Portugal para apadrinhar a estreia da versão definitiva de uma app que indica quais os transportes públicos que podemos tomar para ir de um lado a outro de uma cidade e quais os contratempos que eventualmente poderão registar-se durante essa deslocação. Coimbra, Funchal, Lisboa e Porto são as cidades de estreia desta app que começou a operar em Portugal ainda em versão beta há cerca de um ano.
Alex Mackenzie Torres recorda que não são só as cidades de maior dimensão que podem tirar partido desta app que promete tornar-se numa das ferramentas preferidas de todos aqueles que todos os dias atravessam o espaço urbano para trabalhar. «Tanto pode ser usada numa aldeia com 800 habitantes, como temos em França, como numa cidade de 20 milhões de pessoas, como temos no México», lembra Torres. No primeiro ano de uso da versão experimental em Portugal, a Moovit não tardou a revelar o potencial: «Não há muitas apps deste género em Portugal. Além disso pode ser muito útil para turistas. É grátis e permite gerir o tempo».
Numa app que depende muito do fator de localização, o modelo de negócio mantém-se em aberto. Torres admite que grande parte do sucesso dependerá da existência de dados «frescos» e atuais que consigam descrever a oferta de transportes públicos de uma cidade, mas também recorda que a informação que vai sendo recolhida ao longo do tempo pode tornar-se valiosa para quem tem de gerir uma cidade ou empresas de transportes públicos. «Também é possível integrar este serviço com serviços de táxis, Uber, partilha de carros», explica Alex Mackenzie Torres, admitindo que as fontes de receita possam vir da inserção de informação relacionada com serviços comerciais que estão disponíveis no espaço urbano.
Atualmente, a Moovit conta com um 35 milhões de utilizadores – 125 mil são portugueses. Há 640 editores em Lisboa e 90 no Porto. São estes editores que tornam mais ágil o mapeamento dos transportes públicos de uma cidade e que reforçam a importância da comunidade nesta app. «Em 35% das 800 cidades em que a Moovit está presente, foram os editores que lançaram a solução», conclui Alex Mackenzie Torres, antes de conceder uma pequena entrevista.
Quais os planos de expansão da Moovit para Portugal?
Antes de mais, queremos que os portugueses usem a nossa plataforma e nos façam chegar o feedback; e depois queremos expandir para outras cidades. A nossa app tem vindo a ser usada em Portugal (em versão beta) no último ano. Estamos presentes em 800 cidades de mais 60 países, e queremos chegar a mais locais em Portugal. Se alguma autoridade local estiver interessada nesta solução também poderemos lançar a Moovit noutras localidades (de Portugal).
Não se quer comprometer com um número de cidades ou localidades que poderão ter a Moovit em Portugal…
Para nós, é mais importante entender quem precisa de saber este tipo de produto. Há países como a Itália, Brasil e outros em que marcamos presença e que alcançaram resultados que não esperávamos. E é por isso que não mencionamos previsões e números. Estar em quatro cidades portuguesas já é uma boa vitória. Também queremos mapear os transportes públicos de toda a área metropolitana de Lisboa, que é algo que está a acontecer neste momento, com os contributos da nossa comunidade de utilizadores… mas sim, gostávamos de marcar presença nas maiores cidades portuguesas.
Qual o papel que a comunidade ocupa na vossa app? Seria possível ter uma Moovit sem os contributos da comunidade?
A nossa solução difere das restantes, precisamente por ter um grande número de utilizadores que partilham informação diariamente; recebemos entre um e dois milhões de pacotes de dados por dia. O que nos permite ter feedback e saber como é que os utilizadores estão a usar este produto. Há também alguns utilizadores que nos ajudam, que querem melhorar a possibilidade de se deslocarem dentro das cidades e por isso aderem ao nosso programa da comunidade. É muito importante para nós porque é um fator diferenciador, e também garante que temos um repositório de dados eficiente e robusto.
A Moovit já terá conseguido provocar alguma mudança na forma como os transportes públicos funcionam nas várias cidades?
Penso que são os utilizadores que mudam quando é lançada uma nova tecnologia. Somos apenas intermediários, ao disponibilizar esta tecnologia. E é com esta lógica que temos lançado novas soluções. Os utilizadores dizem-nos o que precisam e o que queriam ter. Mas claro que os dados que recolhemos, de forma anónima, dos nossos utilizadores podem ser muito úteis para os órgãos que gerem uma cidade ou os serviços de transporte para descobrirem como podem melhorar serviços relacionados com o planeamento urbano ou as denominadas smartcities…
As empresas de transporte e os municípios têm aceitado fornecer os dados? Não se depararam com nenhuma recusa?
Sempre que é lançada uma nova tecnologia, é necessário educar as pessoas sobre o que ali está, o valor que acrescenta para o utilizador. Uma vez que se consegue fazer isso, deixa de haver qualquer razão para esse tipo de problemas (de recusas no fornecimento de dados).
Esta ferramenta não poderá ser usada igualmente para a população se queixar junto de autoridades e empresas de transportes quando o serviço é ineficaz?
Sim, absolutamente. Mas a nossa filosofia é: não estamos nisto sozinhos; acredito que as autoridades e as empresas de transportes vão encarar esta solução como algo que pode beneficiar todos os intervenientes, porque vão permitir melhorar os serviços, e criar soluções diferenciadoras, que podem contribuir para a satisfação dos consumidores, além de outras métricas analisadas.