
A Aptoide não é propriamente uma loja – tecnicamente apenas fornece tecnologia para que produtores ou revendedores de software possam criar uma loja alternativa ao Play, da Google. Mas para o utilizador final, a Aptoide tem tudo para ser vista como uma loja de apps – ou pelo menos, como um centro comercial que aglomera várias lojas para dispositivos Android. E isto porque o acesso às lojas criadas com as tecnologias da Aptoide é feito através de um ponto único, depois de o utilizador fazer a devida instalação da tecnologia no respetivo telemóvel. Com este posicionamento, a Aptoide pretende reunir várias lojas que nunca teriam recursos técnicos e comerciais para concorrer com o Play. «Também pretendemos começar a explorar o segmento dos operadores de telecomunicações e fabricantes de tecnologias, que podem ver nas nossa tecnologia uma forma de criar uma loja e gerar receitas com a prestação de novos serviços», acrescenta Paulo Trezentos, líder da Aptoide.
Hoje, a tecnologia Aptoide é usada por mais de 40 mil lojas. Estas lojas têm disponíveis 49 mil apps, que correspondem a um total de 150 mil ficheiros (geralmente cada app dá origem a três versões). As lojas agregadas pela Aptoide são visitadas diariamente por mais de 220 mil dispositivos com sistema operativo Android, que fazem uma média de 750 mil downloads diários. Mas estes números são apenas relativos à versão que exige a instalação do ponto de acesso único no telemóvel. Há ainda uma versão para browsers, que não permite fazer downloads, mas é visitada diariamente por mais de 2,2 milhões de internautas.
«O Play, da Google, tem 50 milhões downloads diários. Pode parecer que há uma grande discrepância face aos nossos números, mas na verdade não há. A Aptoide tem 1,5% dos downloads do Play, mas facilmente passa de 1% para 2%, 3% ou mais», garante Paulo Trezentos.
O responsável da Aptoide recorda que há várias lacunas no Play que podem ser exploradas por lojas alternativas: «as lojas que estão na Aptoide podem revelar-se mais eficazes em países que limitam o acesso a certos conteúdos, podem receber apps que não são publicadas no Play devido a acordos de não concorrência, e além disso podem distribuir várias versões de uma app, permitindo escolher aquela que é mais adequada para cada terminal».
E é com esta onda de otimismo por cenário, que deverá ser lançada a versão 4.0 da Aptoide na próxima semana.
Apenas grátis
Hoje, a Aptoide apenas distribui apps gratuitas. Essa é uma das razões que ajudam a explicar o facto de a totalidade da faturação desta spin off da Caixa Mágica ser proveniente da publicidade. Paulo Trezentos estima que, até ao final de 2012, a empresa que tem pouco mais de um ano de vida fature cerca de 80 mil euros.
O responsável da Aptoide acredita que a empresa ficará em condições de diversificar fontes de receitas quando as tecnologias da Aptoide começarem a ser usadas para a distribuição de apps pagas. «Queremos evoluir para outros modelos de negócio, como o licenciamento das nossas tecnologias ou a cobrança de comissões por cada app vendida», informa.
Boa parte da evolução do negócio está dependente dos investidores que a jovem empresa consiga angariar nos próximos tempos. Paulo Trezentos estima que, para garantir que o projeto ganhe uma dimensão mundial, seja necessário um investimento de 800 mil euros.
A Aptoide já despertou atenções em Silicon Valley, Califórnia, – e desde o início de funções que tem mantido no mais tecnológico dos vales representantes e profissionais que vão estando a par das diferentes manifestações de interesse de potenciais clientes e investidores. O salto será dado a médio prazo, estima Paulo Trezentos: «Mais tarde ou mais cedo acabaremos por estar em Silicon Valley, mas pelo menos nos próximos 18 meses vamos centrarmo-nos no mercado português».