O regime teocrata do Irão continua a apertar as normas e regras de conduta, especialmente em relação às mulheres. Em agosto, o presidente Ebrahim Raisi aprovou restrições adicionais relativas à castidade e ao hijab, o tradicional lenço que envolve a cabeça e o rosto de mulheres. A violação destas leis pode levar à perda de acesso a bancos, transportes públicos e outros serviços essenciais. Violações repetidas podem mesmo conduzir a penas de prisão ou frequência obrigatória de escolas de moralidade.
Nos últimos tempos, o país tem sido assolado por vagas de protestos, que são violentamente reprimidos pelas autoridades. Há muito que os manifestantes referem que a sua atividade online está a ser monitorizada e que as forças policiais do regime recorrem a soluções tecnológicas para controlar a organização dos protestos. Agora, surgem relatos de que o governo pretende que seja usada tecnologia de reconhecimento facial para identificar as mulheres prevaricadoras no que toca ao uso do hijab.
Já desde 2020 que as autoridades de trânsito recorrem ao envio de SMS para passar multas e avisar as mulheres de que devem usar o hijab mesmo dentro de veículos. Agora, o uso de tecnologia de reconhecimento facial visa tornar o processo muito mais automatizado e menos dependente de humanos, com o responsável político Mousa Ghazanfarabadi a justificar que “o uso de câmaras que gravam os rostos pode implementar sistematicamente estas tarefas e reduzir a presença da polícia. Como resultado, reduzir-se-ão os conflitos entre a polícia e os cidadãos”, cita o Ars Technica.
Alguma da tecnologia usada pelas autoridades iranianas neste domínio tem origem na empresa chinesa Tiandy, que fornece não só as câmaras, como também a solução de reconhecimento com Inteligência Artificial. A empresa chegou a listar como clientes, no seu site, várias entidades iranianas, mas depois retirou essa informação do ar.
Em dezembro, o Departamento de Comércio dos EUA aprovou sanções contra esta empresa, alegando o papel dos seus produtos na repressão dos muçulmanos Uyghur na China.