A rede social TikTok confirma que de acordo com os novos termos de utilização da aplicação, que entraram em vigor no próximo mês, os dados dos utilizadores europeus podem ser acedidos pelos funcionários da empresa em diversas localizações, incluindo na China. A clarificação da política de privacidade surge numa altura em que há uma atenção redobrada para a questão da proteção de dados pessoais, assim como uma maior tensão política entre a China e o países ocidentais.
Brasil, Canadá, EUA, Israel, Singapura e, como referido, China, são os países para onde os dados dos utilizadores europeus do TikTok são enviados e armazenados, podendo também ser acedidos por funcionários da tecnológica.
Elaine Fox, responsável de privacidade da TikTok na Europa, confirma que “baseados na necessidade demonstrada para a execução do seu trabalho, sujeitos a uma série de controlos de segurança robustos e protocolos de aprovação, por meio de métodos reconhecidos pelo Regulamento Geral de Proteção de Dados [RGPD], permitimos a certos funcionários dentro do grupo empresarial no Brasil, Canadá, China, Israel, Japão, Malásia, Filipinas, Singapura, Coreia do Sul e EUA o acesso remoto a dados dos utilizadores europeus”, cita o The Guardian.
A atualização da política vai entrar em vigor a 2 de dezembro e aplica-se aos utilizadores do Reino Unido, da Área Económica Europeia e da Suíça.
Este tipo de transações de dados já está a ser analisado pelo Departamento de Comércio nos EUA, a pedido do presidente Joe Biden, e também pelo organismo regulador da proteção de dados na Irlanda, que tem jurisdição para a presença europeia da TikTok. Michael Veale, professor de direitos digitais na University College de Londres, explica que “é extraordinariamente difícil enviar rotineiramente dados de utilizadores da UE para a China porque os contratos entre uma empresa chinesa e uma europeia não podem evitar o acesso por parte do Estado”.
No entanto, o especialista também diz não estar “convencido de que o foco do governo chinês seja espiar utilizadores individuais do TikTok. Têm outros meios para obter informação privada. Aumentar e aprofundar uma plataforma de influência é, por si só, um objetivo poderoso”.
A nova versão do texto também clarifica que a TikTok não recolhe informação de localização precisa dos utilizadores. A versão que ainda está em vigor menciona que “com a sua permissão, podemos recolher informação de localização precisa (como GPS)”.