Um estudo do Departamento de Pesquisa Económica dos EUA conclui que uma franja muito pequena de utilizadores de Bitcoin – 0,01% – detêm 27% das criptomoedas em circulação. O relatório vai mais além e revela que a maior parte da fortuna sob a forma desta ciberdivisa está concentrada em apenas 1% dos utilizadores. Os investigadores concluem que as principais dez mil carteiras de Bitcoin detêm, em conjunto, cinco milhões de moedas, o equivalente a 232 mil milhões de dólares, cerca de 205 mil milhões de euros ao câmbio atual.
O universo total de utilizadores de Bitcoin ascende aos 114 milhões e, destes, 0,01% controlam 27% das 19 milhões de Bitcoin que já foram mineradas.
O estudo conduzido pelos professores Antoinette Schoar, do MIT Sloan School of Management, e Igor Makarov, da London School of Economics, é o primeiro do género a incidir sobre a Bitcoin, tendo sido mapeadas e analisadas todas as transações desta cibermoeda, noticia o The Wall Street Journal. Os académicos alertam que esta concentração faz com que a rede Bitcoin esteja mais suscetível ao risco sistémico e, em segundo lugar, um grupo restrito de utilizadores consegue a maioria dos ganhos obtidos com o aumento do preço e o aumento da adoção da moeda – o que acaba por contradizer parte da ideia de descentralização económica que está associada à criação da divisa digital.
O preço da cibermoeda, lançada há 14 anos querendo ser uma moeda livre de formato físico e sem controlo central, tem vindo a subir, passando dos cinco mil dólares em 2020 para os 68.990 dólares no mês passado. O número de utilizadores a deter este tipo de moeda também aumentou os últimos tempos e conta com nomes de peso como os empresários Elon Musk e Mark Cuban ou a atriz Maisie Williams, entre outros.
Ainda assim, a maioria das transações, cerca de 90%, deriva de duas atividades que não têm qualquer função económica, concluem os professores. Dos restantes 10% das transações, consideradas o “real volume”, 75% corresponde a trocas efetivas e 3% a operações ilícitas.