A plataforma de investimento Bitpanda, da empresa austríaca com o mesmo nome, vai lançar-se em Portugal e com um objetivo ambicioso: atualmente com 20 mil utilizadores, a tecnológica quer crescer de forma considerável no próximo ano, pretendendo ultrapassar os 100 mil utilizadores no País. Para isso, este ‘unicórnio’ – atualmente avaliado em mais de 3,6 mil milhões de euros – está a recrutar uma equipa local que estará focada no crescimento da plataforma. As novidades são avançadas por Irina Scarlat, diretora de expansão da empresa, em entrevista exclusiva à Exame Informática.
“Portugal é um mercado com muito potencial. É um mercado europeu importante, tem uma mistura muito interessante de portugueses e de pessoas de outros países. O interesse que temos visto até agora em Portugal é muito grande. Já temos 20 mil utilizadores portugueses que usam a Bitpanda para investir, o que é um claro sinal do interesse, pois ativamente nada fizemos no mercado até agora. É altura de a Bitpanda falar português e é tempo de construirmos uma equipa local”, sublinha a responsável, numa entrevista por videochamada.
A Bitpanda espera anunciar o nome do diretor-geral para Portugal no início de 2022 “para começar o ano com o pé direito, com um líder local para liderar o nosso crescimento”. A tecnológica está neste momento em fase de recrutamento e diz já ter entrevistado “muitos candidatos talentosos”, o que não se cinge apenas ao cargo de liderança, mas envolve também posições de marketing e comunicação. “A equipa vai crescer à medida que crescemos o mercado em conjunto”, assegura.
A responsável está claramente confiante com a aposta no mercado português: “Podemos conseguir mais de 100 mil utilizadores até ao final de 2022 e penso que isto é uma estimativa conservadora”, revela. E quem são as pessoas que já usam a plataforma? “São acima de tudo pessoas que são ativas na comunidade tecnológica, estão conscientes de todo o ecossistema de aplicações e ferramentas que estão disponíveis para investirem”, adianta, salientando ainda que há muito talento tecnológico em Portugal e essa é uma das razões para esta aposta localizada da Bitpanda.
Irina Scarlat esclarece também que o futuro diretor-geral para Portugal vai reportar diretamente a si e não ao diretor da Bitpanda em Espanha – Alejandro Zala Navarro, que na sua página de LinkedIn ainda se apresenta como diretor-geral para os dois países.
Um mercado em crescimento
A Bitpanda foi fundada em 2014, na Áustria, por Eric Demuth, Paul Klanschek (ambos co-diretores executivos) e Christian Trummerna (diretor de tecnologia), na altura como uma plataforma exclusivamente dedicada à negociação de criptomoedas. A tecnológica tem crescido desde então, tanto a nível de utilizadores – são mais de três milhões a nível global –, como a nível do que é possível fazer na plataforma – atualmente também já permite investir em ações, ações fracionadas, em fundos de investimento negociados em bolsa (ETF), índices de criptomoedas e em metais preciosos. A empresa tem licença de mercado de negociação de ativos na Áustria e em França e que por extensão, devidos às regras comunitárias da União Europeia, permitem à empresa prestar serviços em Portugal.
A tecnológica austríaca anuncia um maior foco na aposta em Portugal numa fase em que outras plataformas de investimento, negociação de criptomoedas e aplicações financeiras já têm presença no mercado português – LiteBit, Vivid, Revolut e Degiro são apenas alguns exemplos. No entanto, Irina Scarlat sublinha que a Bitpanda é, “primeiro e acima de tudo”, uma plataforma digital de investimento e recusa a ideia de que a plataforma tenha chegado tarde ao mercado português. “Não penso que chegamos tarde ao mercado e também não penso que haja espaço para todos”, atira, em jeito de desafio à concorrência.