O novo mayor de Nova Iorque pretende receber os seus três primeiros salários em bitcoin, quer que os fundamentos das criptomoedas sejam parte do ensino escolar e deseja que a cidade seja o novo hotspot de cripto, com a bitcoin a ser descrita como “uma nova forma de pagar por bens e serviços em todo o mundo”. Já em Miami, o mayor anunciou que a cidade quer aceitar pagamentos de impostos nesta divisa e que os funcionários públicos recebam os salários desta forma. Do lado dos ambientalistas, estas e outras propostas do género são recebidas com ceticismo.
As organizações de defesa do ambiente reiteram que a mineração de cibermoeda é um desastre ambiental e que o aumento de popularidade das ciberdivisas pode ser contraproducente, numa altura em que o combate às alterações climáticas está na ordem do dia. O Digiconomist apresenta dados que mostram que uma única transação em bitcoin tem o mesmo consumo energético de um lar médio dos EUA para um mês inteiro, um milhão de vezes mais em emissões de carbono do que uma transação de um cartão de crédito. Benjamin A Jones, economista da Universidade do Novo México, alerta que as pessoas devem estar preocupadas para os impactos no ambiente e no clima desta mineração. “Estas emissões poluentes são perigosas para a saúde humana e as emissões de carbono conduzem a alterações climáticas”, avisou, citado pelo The Guardian, lembrando um estudo seu onde estimava que cada dólar transacionado em bitcoin estava associado a um impacto de 49 cêntimos na saúde e no clima nos EUA.
Um dos maiores riscos desta atividade é que a mineração exige grandes quantidades de energia e essas são procuradas, muitas vezes, em regiões em vias de desenvolvimento, onde a regulação não é tão assertiva.
No mês passado, nos EUA, um grupo de 70 grupos económicos, climáticos e raciais assinou uma carta ao Congresso pedindo maior atenção para o impacto da criptomoeda no clima, realçando os níveis extremos de emissões de carbono, o consumo energético e o lixo eletrónico gerados pela mineração.
Erika Thi Patterson, do Action Center on Race and the Economy, afirma que “o impacto destrutivo da criptomoeda no ambiente é só mais uma forma de como as corporações são financiadas numa economia e que não irão parar por nada para criar lucros para os investidores e como as comunidades de cor vão pagar o derradeiro preço”.