“Os empregos para a vida acabaram”, diz Pedro Oliveira, cofundador da Landing.jobs, empresa especializada em recrutamento tecnológico. É por isso que a startup está a anunciar a captação de dois milhões de euros de investimento (série A). “Agora as empresas e as pessoas têm que se adaptar”, acrescenta, em entrevista à Exame Informática, a propósito da ronda de investimento conseguida.
Segundo a informação partilhada, este investimento foi feito pelo grupo português LC Ventures e pelo investidor alemão Jacobo UG Investment. De recordar que a Landing.jobs já tinha tido um primeiro investimento (fase seed), na altura no valor de 750 mil euros, que contou com a participação da LC Ventures e da Portugal Ventures – sendo que a startup recomprou, em 2019, as ações da Portugal Ventures, que vão agora ser distribuídas pelos funcionários da empresa.
A Landing.jobs é responsável por uma plataforma de recrutamento tecnológico que funciona em dois modelos: um para empresas que querem construir as suas próprias equipas internas, que neste caso subscrevem a ferramenta e têm acesso aos profissionais lá registados; e funciona também numa lógica de projetos para freelancers, permitindo que as empresas e os trabalhadores definam diretamente entre si as características do contrato para o projeto no qual vão trabalhar juntos, com a startup a ficar com uma parte do valor acordado.
Agora, com os dois milhões de euros conseguidos, a startup quer expandir. Para começar, o objetivo é entrar em novos mercados. “Queremos continuar a apostar nas localizações onde já estamos – Portugal, Espanha, Alemanha e Holanda –, mas começar a expandir para outras muito assente no trabalho remoto”, diz Pedro Oliveira. O trabalho remoto (remote work) é uma das soluções que existem para dar resposta à falta de talento tecnológico que se sente em vários países – e permite, por exemplo, que profissionais de Portugal e Espanha possam ter mais oportunidades de trabalho sobretudo em países como os EUA, Reino Unido e do norte da Europa.
Segundo Pedro Oliveira, a procura por profissionais que trabalham em modelo de remote work já é, atualmente, o maior mercado da Landing.jobs, daí que a empresa queira continuar a capitalizar este segmento.
Outro dos grandes objetivos passa por apostar na criação de tecnologias proprietárias de avaliação e que permitam, por exemplo, a um programador saber qual é o seu real valor de mercado, perceber quais são os conhecimentos que tem em falta – sejam técnicos ou competências interpessoais – e quais os conhecimentos mais procurados pelo mercado, entre outras informações.
Estas informações recolhidas através de software, em conjunto com informações posteriormente recolhidas através de entrevistas presenciais, vão ajudar o candidato a fazer um raio-x enquanto profissional – e isto deverá permitir encontrar as oportunidades de emprego que melhor se ajustam ao perfil de cada um.
O terceiro grande objetivo da Landing.jobs com a ronda de financiamento conseguida é lançar uma nova marca – chamada de Future Works – focada na temática do futuro do trabalho. Por agora, a nova marca vai materializar-se na realização de uma conferência anual e que vem substituir o Landing Festival, antiga feira de emprego tecnológico realizado pela startup, na qual serão abordadas tendências sobre o futuro do trabalho, valor das empresas enquanto empregadores (employer branding) e preparação das pessoas para a nova realidade – como a substituição de muitos postos de trabalho por robôs ou agentes de inteligência artificial.
“Nós assim conseguimos ir falar com uma empresa, conseguimos ir falar com uma pessoa, com uma abordagem de 360 graus. Em vez de ser só recrutamento, também começas a falar com as empresas sobre retenção e crescimento”, sublinhou Pedro Oliveira. “O ciclo de vida do talento vai desde que a pessoa começou a pensar em ti [empresa] até a pessoa estar a trabalhar contigo. É um ciclo de vida muito maior.”
Atualmente a Landing.jobs emprega 53 pessoas – espera chegar às 60 até ao final do ano – e já arranjou emprego ou novas oportunidades de emprego tecnológico a mais de 3000 pessoas.