Os últimos três meses de 2019 tinham tudo para ser uma “prova de fogo” para a Netflix: a Apple lançou o serviço de streaming Apple TV+ em novembro, que apesar de ter um catálogo reduzido de conteúdos, foi lançado em simultâneo em mais de 100 países e com a oferta de um ano grátis para novos utilizadores da marca de Cupertino; e também em novembro foi quando a Disney lançou o serviço Disney+, recheado de conteúdos de franquias muito conhecidas e com a série The Mandalorian a granjear muita atenção mediática.
Mas no momento de prestar contas sobre o desempenho do último trimestre de 2019, a Netflix mostrou resultados sólidos: acrescentou 8,8 milhões de novos subscritores, acima dos 7,6 milhões que a própria empresa tinha projetado e exatamente o mesmo número conseguido em igual período de 2018. No capítulo das receitas, a Netflix gerou 5,5 mil milhões de dólares, cerca de 4,9 mil milhões de euros ao câmbio atual, o que representa um crescimento de 30,6% numa comparação anual.
Atualmente, a Netflix tem 167 milhões de subscritores a nível global, um valor que lhe dá uma margem confortável sobre estes dois novos rivais na área do streaming – e considerando, por exemplo, que o serviços Disney+ está disponível num número reduzido de mercados e que os planos de expansão para 2020, nos quais se incluem Portugal, deixam o serviço ainda muito longe da abrangência de mercados dos rivais diretos.
Mas nem tudo são boas notícias no relatório trimestral que a Netflix revelou nesta semana. Nos EUA e Canadá, entre outubro e dezembro, a gigante dos conteúdos só conseguiu 550 mil novos subscritores, três vezes menos do que os 1,7 milhões de subscritores que tinha conseguido no quarto trimestre de 2018.
A própria empresa admitiu, no relatório financeiro, que nos EUA e Canadá encontrou dificuldades em atrair novos subscritores “provavelmente devido às nossas mudanças de preço recentes [serviço ficou mais caro] e aos lançamentos competitivos nos EUA”.
Para os primeiros três meses de 2020, a Netflix espera angariar sete milhões de novos clientes, um número que, a confirmar-se, será muito inferior aos 9,6 milhões que a empresa conseguiu entre janeiro e março de 2019.