A mensagem é clara: a Huawei privilegia a parceria com a Google para manter o Android nos seus smartphones, mas, se o pior cenário se vier a confirmar e for impedida de continuar a fazê-lo, está preprarada para implementar o recém-anunciado HarmonyOS nos seus terminais em apenas «dois ou três dias». A garantia foi avançada por Wang Chenglu, presidente para a área software do Consumer Business Group da Huawei numa conversa com a imprensa realizada no HDC2019.
O executivo revelou até que a Huawei estava a cooperar com a Google para partilhar o seu compilador, um plano que teve de ser alterado face aos desenvolvimentos ocorridos a 16 de maio deste ano. «O plano A é sempre a parceria com a Google», mas Wang Chenglu avisa que o plano B (ou seja, a substituição do Android pelo HarmonyOS em smartphones) poderá entrar em vigor se for necessário. O responsável da Huawei reconhece que, se a empresa for forçada a abandonar o Android, terá pela frente «um período difícil de um ou dois anos», mas que irá recuperar depois disso.
A Huawei adianta que os seus testes provam que o HarmonyOS tem melhor desempenho, maior eficiência energética e até mais compatibilidade com vários dispositivos que o Android e o iOS, mas não esconde que o objetivo inicial deste sistema operativo era funcionar numa panóplia de equipamentos diferentes – Internet das Coisas (IoT), wearables, televisões, etc. – e proporcionar uma experiência de utilização mais fluída entre todos eles. Isto é, a possibilidade de implementá-lo em smartphones surge mais como uma necessidade provocada por condicionantes internacionais do que por um objetivo traçado desde o início. Wang Chenglu refere que ainda não há motivos para preocupações exacerbadas, uma vez que as atualizações para Android estão garantidas para o próximo ano.
Questionada pela Exame Informática, a Huawei esclarece que o mesmo princípio se aplica ao mercado de computadores pessoais. Apesar do anunciado roadmap do HarmonyOS prever a integração em PCs já em 2020, a empresa não tem o objetivo de vir a usar em este sistema operativo em detrimento do Windows da Microsoft.
Confrontado com a desconfiança em relação à marca presente em diversos pontos do globo, Wang Chenglu é taxativo: «A Huawei é a empresa mais escrutinada pelos governos em todo o mundo. Até agora houve alguma queixa dos muitos operadores de telecomunicações com quem trabalhamos? Nunca. Dá-nos motivação para manter a cibersegurança como prioridade».